Dragon Quest VI era apenas mais um dos fantásticos rpgs da Super Famicon (SNES) a nunca alcançar as nossas costas quando em Maio de 2011 é adaptado para a portátil da Nintendo da época, a DS. 

Encarregue de fazer a conversão, o estúdio da ArtePiazza fez um excelente trabalho, logrando em manter intacta toda a magia deste jogo de 1995.


 


O título começa forte, com o jogador a ver-se diante daquilo que parece ser o Boss Final. A acompanhá-lo estão uma misteriosa mulher e um homem extremamente musculado. 

A primeira convoca um dragão dourado, o qual serve de meio de transporte para o grupo seguir rumo à fortaleza do senhor das trevas, Murdaw. 

Lá os heróis confrontam Murdaw e falham miseravelmente... 

Um a um, cada um dos membros do trio é morto. 


 


A esperança parece de todo perdida e o jogo acabado mesmo antes de começar. Contudo, tal pensamento não poderia ser mais erróneo. 

O nosso protagonista, o típico herói silencioso, acorda na sua casa, em Weaver's Peak, como se nada se tivesse passado. 

Sem pensar muito no sucedido, o herói segue com a sua vida, até que por um acto do destino cai numa fenda que o conduz a um mundo distinto do seu, se bem que tremendamente familiar.

 Será neste Dream World que o herói irá reencontrar os seus companheiros iniciais, amnésicos.  

O grupo irá então lutar, uma vez mais, para salvar não apenas um, mas dois mundos (o Real e o Dream Worlds) do terrível fado que Murdaw lhes pretende impor.


 


 Dragon Quest VI, como referi acima, tem dois mundos distintos, o Real World e o Dream World, cuja geografia é similar. 

Para progredir na história o jogador deve ir alternando entre ambos os mundos, completando tarefas que irão desbloquear novos caminhos nos dois locais. 

A somar a isto temos ainda a influência da passagem do dia e noite no decorrer da aventura, ao jeito de Castlevania II. 


 


Em Dragon Quest não são tanto os inimigos que são diferentes, conforme a hora, mas antes certas sidequests. 

Como exemplo, existe uma personagem que só se poderá recrutar se antes enfrentarmos um poderoso monstro que aterroriza a cidade onde esta vive.  

E esta é apenas uma das inúmeras sidequests que o jogo possui. 

Entre as mais interessantes temos a Slime Arena, na qual os Slimes da nossa party poderão encetar em lutas gladiatoriais de forma a obterem valiosos prémios, os Casinos, espalhados pelas diferentes cidades e repletos de jogos de sorte e azar e o Beauty Contest, onde veremos quem é o mais bonito de todos! 


 


Como podem ver, há de tudo um pouco. 

Para além das história extremamente cativante e das suas inúmeras sidequests, Dragon Quest tem uma grande variedade no que aos adversários e cenários diz respeito. 

Tanto um como outro não poderiam ser mais exóticos e coloridos. 

Relactivamente aos cenários, a nossa party viajará para as mais diferentes localizações, desde florestas sombrias e íngremes montanhas, até (imagine-se) o fundo do oceano. 


 


Inicialmente, a party movimenta-se, como já seria de esperar, a pé. Contudo, e com o avançar da história, a mesma ganhará outros meios de deslocação que serão visualmente distintos, embora com funcionalidade similar, nos diferentes mundos. 

 No caso dos inimigos estes variam desde o comum Slime azulado, até aos gigantescos monólitos animados. 

É possível capturar alguns dos adversários e usá-los como aliados em combates, recorrendo a uma classe específica, a do Monster Master.

  Relactivamente ao sistema de classes, este encontra-se dividido em duas etapas. 

A primeira, com as nove classes primárias (Warrior, Mage, Priest, Martial Artist, Merchant, Dancer, Monster Master, Thief e Gadabout), encontra-se disponível logo de início. 

A forma de aceder à segunda etapa, a das classes avançadas, que são sete, é feita através dos pontos de experiência recolhidos durante as lutas que travamos. 


 


Ao fim de um tempo ser-nos-à atribuída uma estrela. Quando alcançarmos as oito, teremos dominado a classe escolhida e poderemos passar para outra, dentro das primárias, ou para uma das avançadas. 

Cada classe tem as suas respectivas forças e fraquezas, com diferentes feitiços e movimentos para aprender. 

Convém salientar que não existem classes específicas para cada uma das personagens. Estas são comuns a todos.

As lutas em Dragon Quest VI seguem o mesmo molde de aventuras anteriores, assentando no tradicional turn based de combates aleatórios. 

A maioria dos combates aleatórios dar-se-à aquando da exploração de uma masmorra, mas também não é incomum isso acontecer no mapa-mundo. 

Uma forma de evitar a sucessão rápida de encontros passa por recorrer a certos itens e magias, que retardam bastante a ocorrência dos mesmos.


 


 Isto permite que ao jogador "respirar" um pouco. Contudo, convém referir que as lutas em Dragon Quest VI, quando travadas com inimigos de força superior, não são de todo enfadonhas ou repetitivas, exigindo um grande nível de planeamento e adaptação de forma a se alcançar a vitória. 

Apesar de ser enorme, é muito improvável para o jogador perder-se no jogo. Este não o "permite" ao possibilitar ao jogador fazer sempre um ponto da situação, normalmente junto de uma bruxa bastante prestável. 

Para além disso e como falamos da DS, o mapa-mundo estará sempre presente no ecrã superior, com a acção a passar-se no inferior. 

Dragon Quest VI deixa ainda fazer save em qualquer lugar no mapa, excepção feita às masmorras, e permite curar todas as personagens em simultâneo, via o Heal All. 


 


Para facilitar a gestão da party temos a Wagon, que permite mudar os elementos da mesma, mantendo de reserva os que não estão a lutar no momento. 

Seguem-se a Bag e o Bank. A primeira serve para guardar o excesso de itens, enquanto que o segundo faz o mesmo relactivamente ao dinheiro.

 Em relação ao original da SNES, este remake introduz algumas novidades que passam por um mini-jogo, o Slime Curling e o modo Tag, o qual permite transferência de dados entre duas DS´s. 

Graficamente o jogo é muito bonito, sendo que a isso alia-se um score musical memorável que fica na memória de todos aqueles que jogarem este título. 

O único ponto negativo de Dragon Quest VI está no facto de ser difícil a entrada a novos jogadores inexperientes nas lides dos rpgs, tal o seu grau de complexidade. 

 Este é também um jogo bastante longo, tal é a quantidade de coisas para se ver e fazer.

Um ponto positivo para a maioria, mas que poderá afastar os menos pacientes. 


 


Ainda assim esta é uma "falha" menor, pois este é, sem sombra de dúvida, um dos melhores rpgs de sempre. 

Um título que irá agarrar 90% dos gamers. 

Extremamente recomendável.