Também conhecido pelo nome de Yutona Heroes Saga, Tear Ring Saga é a derradeira obra-prima de Shouzou Kaga, o criador da famosa série da Nintendo, Fire Emblem.

Este rpg de estratégia, que muitos poucos tiveram a oportunidade de jogar, em virtude das poucas cópias lançadas e nenhuma reedição após a sua chegada ao mercado em 2001 (a isso se junta o facto de não ter saído do Japão e de ter sido alvo de um processo de copyright infringment por parte da Nintendo, devido às suas semelhanças com Fire Emblem), foi desenvolvido pela nova companhia de Kaga, Tirnanog, tendo saído em exclusivo para a Playstation original. 

Tear Ring Saga tem lugar no continente de Lieberia, com a acção a centrar-se nos seus quatro reinos principais (embora existam nações autónomas mais pequenas, assim como cidades-estado, como por exemplo Sene), Reeve, Leda, Salia e Canaan, sendo que este último surge na qualidade de nossos oponentes na história. 

 

 

 

O primeiro dos nossos quatro protagonistas jogáveis, Runan provém da nação ocupada (precisamente pelas forças imperiais de Canaan) de Reeve, mais propriamente do ducado de Razelia. 

Runan, consegue retirar-se de Razelia e evita captura graças a um resgate atempado de outro dos protagonistas do jogo, o corsário aventureiro chamado Holmes. 

 

 

 

Holmes deixa Runan e as suas forças (que inicialmente são constituídas pelo pirata Garo, um dos membros dos Sea Lions de Holmes, e pelos cavaleiros Arkis e Kreiss) na ilha nação de Wellt, onde Runan espera conseguir auxílio militar para poder iniciar a libertação de Razelia (e mais tarde do resto de Reeve). 

 

 

 

Á sua força diminuta vão-se juntar a princesa de Wellt, Sasha, e a sua shieldmaiden, Kate, que fogem das forças do concelheiro Codha, que usurpou o trono de Wellt, em virtude da ausência do seu rei por direito. 

É com base nisto que se inicia a nossa aventura. 

 

 

 

Entretanto, Holmes, que é amigo de infância de Runan (daí o auxílio prestado) e é filho do grande almirante de Granada, vagueia pelos oceanos em busca de aventura e tesouros, estando pouco interessado em assuntos de política e conquista militar (embora ele prometa auxiliar Runan nos seus esforços por reconquistar a independência do seu povo). 

 

 

 

Holmes resgata uma jovem sacerdotisa, Katri, de um grupo de piratas, numa ilha adjacente a Wellt e depressa irá descobrir que Katri não é uma simples sacerdotisa, mas antes um dos dragões guardiões das lendas passadas, Neuron. 

A partir desse momento, Holmes e os seus Sea Lions (o espadachim mortífero e braço direito de Holmes, Shingen, a ladra Yuni e o amigável Xeno) vão ajudar Katri a tentar descobrir as suas origens, ao mesmo tempo que uma ameaça bem maior que Canaan surge no horizonte, na figura da igreja do deus da destruição Gerxel e dos seus fanáticos seguidores. 

 

 

 

É certo que falei em quatro protagonistas (até porque este era para ser um jogo muito maior do que aquilo que é), mas na verdade é em Runan e Holmes (e os seus dois percursos por vezes distintos) que residem aqueles com os quais teremos mais tempo de jogo, e que irão fazer a aventura do jogo progredir. 

Os outros dois protagonistas serão jogáveis em partes avançadas do jogo, mas sê-lo-ão por pouco tempo, sendo que não poderemos guiar o seu percurso, como fazemos com Runan ou Holmes. 

Falo da princesa de Leda, Tia, e do príncipe de Canaan, Sennet. 

Contudo, e embora não tenhamos a oportunidade de os controlar durante muito tempo, a verdade é que não é por isso que eles deixam de ser relevantes para a história em si. 

 

 

 

Tear Ring Saga conta com um total de 62 personagens recrutáveis sendo que a forma de recrutamento irá depender de diversos factores. 

Algumas personagens juntam-se a um dos dois exércitos (de Holmes e Runan) de forma automática, no início ou final de cada capítulo, ao passo que outras exigem um pouco mais de esforço. 

Inclusive, algumas personagens apenas são recrutáveis se tivermos no nosso grupo outras personagens necessárias para o fazer. 

 

 

 

A capacidade de falar com um npc ou determinados inimigos durante as batalhas, permitirá muitas vezes converte-los para a nossa causa. 

De igual modo, por vezes teremos que escolher entre personagens, sendo que a recrutar umas, iremos perder as outras. 

 

 

 

A existência de duas routes, a de Runan e a de Holmes, fará com que em certas situações, nas quais ambos os grupos se encontrem, seja possível trocar de operativos entre eles (assim como fazer a troca de armas, itens e dinheiro). 

Como em Fire Emblem, também aqui existe a morte definitiva, pelo que se exige muita cautela na movimentação pelo campo de batalha, se bem que ao estilo dos jogos antigos de Shouzou, será possível recuperar algumas delas via um mecanismo de ressurreição. 

 

 

 

A nível de gameplay, Tear Ring joga-se como qualquer Fire Emblem pré-GBA, com o triângulo das armas a encontrar-se presente, assim como grande parte das classes icónicas como as Pegasus Knights e os Dragon Knights, para além da presença indispensável de dragões, aqui chamados de Emiyu e não Manaketes. 

 

 

 

Tear Ring conta com a particularidade de ter algumas classes exclusivas. 

É o caso do Knight Lord (Runan), Lady Knight (uma classe capaz de usar espadas e arcos), umas quantas variações da classe Cavalier e Knight (que vai permitir o nosso cavaleiro alternar entre o uso da espada, do machado, arco e lança, conforme a classe específica), Bow Hero (exclusiva de Holmes e que permitirá mais à frente, na classe avançada de Hunter, o uso combinado do arco e da espada), os lentos, mas resistentes Wood Shooters (besteiros abordo de tanques) e aquela que é de longe uma das classes mais úteis de jogo (sobretudo devido a magias específicas como Warp), as Witches. 

 

 

 

Mantém-se a regra dos cavaleiros não poderem usar as suas montadas no interior de edifícios, assim como grande parte das vantagens e desvantagens geográficas dos campos de  batalha vistas em Fire Emblem.

Os seus 40 capítulos (e um alternativo) são preenchidos por forças adversárias, as quais é preciso derrotar (no seu todo ou não, dependendo da situação) em campos de batalha repletos de perigos (entre eles o infame fog of war). 

 

 

 

As batalhas serão disputadas em grutas apertadas, em densas florestas, em pântanos e desertos inóspitos, em grandes castelos, no meio de cidades ou mesmo no oceano, em autênticas batalhas navais. 

 

 

Em alguns desses locais (normalmente nos meios citadinos) temos lojas (algumas delas secretas e por isso de difícil acesso), para obtenção de itens e armas, assim como arenas, onde se pode combater adversários poderosos por dinheiro e experiência e pequenas shrines, nas quais existem mestres que, muitas vezes a troco de nada (outras a troco de muito) se mostram disponíveis para nos explicarem uma nova habilidade especial. 

 

 

 

Habilidades essas que se provaram essenciais em diversas situações. 

Sobretudo aquando do primeiro reencontro entre Holmes e Runan.  

Também nesta aventura, temos que ter atenção às armas e ao estado destas. 

 

 

 

O seu uso constante leva a desgaste e esse, por sua vez, faz com que quebrem. 

Entre os muitos adversários que teremos que enfrentar temos as hostes imperiais de Canaan, os fanáticos religiosos de Gerxel, os ocasionais piratas e foras da lei, assim como inúmeros tipos de monstruosidades, que podem ir de gárgulas, zombies e ogres, a beholders e dragões (alguns deles zombies!). 

 

 

 

Para além das batalhas mandatórias, Tear Ring Saga tem ainda batalhas repetíveis, que serviram sobretudo para fazer level-up dos nossos elementos mais fracos. 

Mas atenção que estas não estão disponíveis ad infinitum. 

A partir de uma determinada altura, irão desaparecer. 

 

 

 

Tear Ring Saga, tal e qual como em Fire Emblem Gaiden, conta com um mapa-mundo, no qual podemos mover, mais ou menos livremente, as forças de Runan e Holmes.

 

 

 

Isso permite-nos enfrentar algumas batalhas que estão fora do script obrigatório da história (como referido acima), da mesma maneira que permitem que visitemos cidades e locais onde já estivemos, desbloqueando com isso novas interacções entre as diferentes personagens, assim como adquirir equipamento para batalhas futuras. 

 

 

 

De salientar que entre as personagens, e embora não haja elementos de date sim, quanto mais estas lutarem juntas, mais conversas irão desbloquear (e com isso alguns extras em determinados casos), para além de as tornarem mais eficazes quando colocadas a par no campo de batalha. 



Visualmente falando Tear Ring Saga é quase idêntico aos Fire Emblems da SNES, não apenas nos cenários das batalhas e nos sprites das personagens, mas também no próprio artwork. 

Isto não é de admirar, uma vez que a arte é proveniente das mãos da artista Mayumi Hirota. 

A música é excepcional, particularmente a Never Ending Dream. 

 

 

 

A dificuldade de Tear Ring é elevada, mas justa, podendo variar conforme a reestruturação dos exércitos de Runan e Holmes, durante os seus reencontros. 

A inclusão de um determinado elemento pode alterar drasticamente a dificuldade da rota na qual ele estiver incluído.

Um jogo fenomenal que infelizmente muita pouca gente teve a oportunidade de jogar ou irá jogar, a menos que experimente uma das versões traduzidas por fãs do género. 

Altamente aconselhável.