REVENGE OF THE VAMPIRE






O infame conde Heydrich está de volta. Após ter sido abatido, juntamente com a sua maléfica irmã Katrina, o conde regressa da sua breve estadia no além, mais poderoso que nunca. 

Desta feita, a batalha não se irá travar na sua pátria de Mortvania, mas nas distantes terras de Shamutanti Hills. Infelizmente, para o jogador, o dito conde, que já era uma figura que imponha respeito e medo, está ainda mais poderoso. 

Há quem diga mesmo, invulnerável. 

 

 

 

Nesta aventura fantástica de 1995, escrita por Keith Martin e maravilhosamente ilustrada por Martin McKenna, cabe ao jogador (neste caso o leitor) a tarefa de encontrar o conde e colocar um ponto final na sua ameaça. 

Algo que não começa por ser uma missão sua, mas algo que lhe é passado para as mãos após a morte do velho Henrik van der Termlen, na cidade do Old World, conhecida como Gummport. 

Henrik era um caçador de vampiros proveniente da Mauristatia (zona à qual pertence a província de Mortvania) e vinha a esta distante terra para se encontrar com os monges do lago Libra. 

Contudo, não vai ter oportunidade de o fazer.  

 

 

 

Revenge of the Vampire é, um jogo em forma de livro, parte de uma série desenvolvida por Ian Livingstone e Steve Jackson, conhecida mundialmente como Fighting Fantasy Gamebooks. 

Munidos de um lápis e um conjunto de dados, o jogador escolhe o caminho a seguir, nesta aventura não linear. 

Sequela directa de Vault of the Vampire (conhecido em Portugal como a Maldição do Vampiro), Revenge usa muitas das tropes comuns à série e ao seu antecessor. 

Também aqui o jogador deve usar os dados para determinar a sua perícia, força, sorte e fé. A perícia representa a nossa habilidade e quanto maior for (não irá ultrapassar o valor de 12) melhor será para nós, pois não apenas isso aumenta a nossa capacidade de combate (nos duelos com as muitas criaturas sinistras que iremos encontrar), como também pode ser benéfico para realizar outros actos no decorrer da aventura (quando formos chamados a testá-la). 

 

 

 

A força simboliza, na falta de um termo melhor, a nossa força vital durante o jogo. Chegando a zero, será game over. A mesma pode ser restabelecida através do descanso (quando a situação se colocar) ou via o consumo de uma das 12 provisões que temos à nossa disposição no início da aventura. 

De salientar que ao contrário de outros títulos da série fighting fantasy, aqui não podemos ter mais do que as 12 provisões iniciais. 

 

 

 

A sorte simboliza precisamente isso. A sorte que teremos em situações específicas nas quais o livro nos pede para a testar. A mesma também pode ser usada livremente em combates, numa tentativa de evitar um golpe fatal ou de o dar, mas tal deve ser evitado, uma vez que o valor inicial da sorte diminui a cada uso, pelo que cada lançamento se torna mais e mais perigoso. 

 

 

 

A fé, que ao contrário dos outros stats pode exceder o seu valor inicial, será de particular relevância nesta aventura (como de resto já a foi em Vault of the Vampire), não apenas para conseguir superar os muitos perigos sobrenaturais, mas também como forma de aceder a certos itens abençoados. 

Também presente na sequela estão as chamadas afflictions (maldições). Estas podem surgir a qualquer altura e deixar o jogador extremamente debilitado, podendo ir de problemas nos pulmões, envenenamento ou mesmo licantropia. Felizmente, as mesmas podem ser tratadas, com a obtenção de certas poções ou via um curandeiro. O grande problema será em encontrar ambos. 

 

 

 

Uma das grandes novidades de Revenge reside nos Blood Points. Estes simbolizam a força do conde e vão variando no decorrer da aventura. Dependendo das nossas acções (nomeadamente o tempo demorado na busca pelo vampiro ou a destruição de um ou mais dos seus caixões, por exemplo), podemos encontrar um boss final acessível ou totalmente intransponível. 

De salientar que o nosso encontro com o conde pode ocorrer bem cedo...se bem que tal deve ser evitado a todo o custo. Revenge, ao contrário de Vault, não cinge a sua acção à floresta e castelo do conde, mas antes deixa-nos explorar mosteiros, estalagens, pequenas vilas, antes de seguirmos para a nova moradia do vilão. 

O objectivo é reunir o maior número de itens religiosos que conseguirmos e descobrir o máximo possível de informação antes do embate final com Heydrich.  

Nesta aventura estaremos maioritariamente sozinhos, contudo volta e meia e em algo que me remete para outros fighting fantasy (nomeadamente, Trial of Champions) poderemos contar com o auxílio de um segundo guerreiro (embora esse seja um npc e temporário). 

 

 

 

É agradável ver a arte melancólica e gótica de Martin, assim como rever vilões icónicos como o conde Heydrich e a sua irmã, a condessa Katrina, e alguns dos seus servos (como o corcel demoníaco), numa sequela maravilhosa do primeiro livro.  

 

 

 

 

CASTLEVANIA: THE BATTLE OF THE OLD CASTLE

 

 

 

Este ano tive a sorte de poder jogar, ainda que tenha sido numa versão digital, o primeiro dos dois gamebooks do Castlevania. Esta aventura foi publicada originalmente pela editora Futabasha, corria o distante ano de 1987, e nunca teve uma tradução oficial para outra língua que não a japonesa. Pelo menos até ao esforço conjunto de um grupo de fãs terem feito a conversão do texto para inglês. 

Em The Battle of the Old Castle, assumimos o controlo de um dos descendentes de Simon Belmont, numa nova tentativa de banir Drácula de volta para a sepultura. 

O protagonista da aventura, também ele chamado Simon, era um actor que representava precisamente o seu antepassado numa versão ficcionada da vida deste. 

 

 

 

O filme, chamado Castlevania, era gravado precisamente nas ruínas do velho castelo do Drácula, que por esta altura (este jogo passa-se durante dos anos 50 do século XX) já se encontrava na posse da família Belmont há mais de 200 anos. 

Juntamente com Simon temos ainda a sua namorada e colega de profissão, Lucy Lane, que faz de Mina, e Cristopher Bee, que faz de conde Drácula. 

 

 

 

Todo decorria normalmente até uma estranha porta, bem no interior do castelo parcialmente abandonado, ter sido aberta. Atrás desta porta estava o verdadeiro conde, aprisionado pelos Belmont no chamado Dark World. 

Drácula está de volta e sedento por vingança contra os Belmont, pelo que procede a raptar a jovem Lucy, transformar o cast do filme em zombies (incluindo Bee) e enchendo o castelo com diversas criaturas sinistras sobre o seu comando. 

Cabe então a Simon (o actor) resgatar Lucy e fazer aquilo que os seus antepassados fizeram séculos antes, banir novamente o conde. 

 

 

 

Nesta aventura fantástica, teremos que lançar alguns dados de início, para acessar a força e resistência do nosso herói, mas elementos como a energia vital ou os corações (usados aqui como elemento monetário) começarão sempre a 10. Estes últimos podem aumentar ou diminuir conforme o decorrer da aventura, via certos caminhos tomados ou acções realizadas. 

A energia vital é particularmente importante, uma vez que sem que ela esteja a níveis elevados (ou se chegar a zero) dificilmente conseguiremos defrontar o conde. 

Contudo e antes de chegarmos ao Drácula, devemos ultrapassar alguns dos seus mais poderosos servos. O monstro de Frankenstein, a princessa fantasma, a múmia do além, o grim reaper, o lobisomen (que faz a sua primeira aparição de sempre no franchise), as sedentas vampiras ou o morcego gigante são obstáculos que devem ser batidos não apenas com mera força, mas usando sobretudo a astúcia e certos itens encontrados (ou comprados) pelo caminho. 

 

 

 

Após serem derrotados, esses bosses deixam ficar para trás orbes. As mesmas devem ser recolhidas, de forma a podermos defrontar o conde (devemos ter todas). 

Para acedermos aos bosses devemos ter chaves para entrar nas suas salas. Estas podem ser encontradas no castelo ou na zona circundante fora dele, pelo que a exploração (embora muitas vezes seja feita de forma circular, pela existência de muito backtracking) é fundamental neste jogo. 

Por conseguinte para conseguirmos derrotar os muitos monstros que iremos encontrar devemos não apenas usar o nossos chicote inicial (que pode sofrer upgrades mais para a frente), mas também inúmeras armas e objectos que iremos encontrar. 

Machado, crucifixo, água benta, faca, corda, lamparina, entre muitos outros objectos, podem tornar a nossa aventura muito mais fácil quando devidamente usados. 

 

 

 

Old Castle é maravilhosamente ilustrado, sendo no seu âmago uma espécie de remake do jogo de vídeo original da série, uma vez que recupera grande parte do seu cenário, inimigos e acção. 

Ainda assim apresenta algumas mudanças na figura de Gregoriano IV e a sua filha (ambos fantasmas amaldiçoados por Drácula), o demónio mercador (que não surge na versão do jogo da NES), a donzela em apuros ou uma espécie de versão zombificada do conde (na figura do actor Bee). 

Este livro conta com finais múltiplos, que podem ou não ver Simon resgatar a sua amada. Uma pequena pérola escondida do franchise.