Não haverá jogo de luta que me dê mais vontade de jogar, na altura do Halloween, do que o Darkstalkers. Tendo iniciado a minha jornada nesta série da Capcom com o segundo jogo da série, Night Warriors: Darkstalkers Revenge, no excelente port feito para a Sega Saturn e lançado na Europa em 1996, tive a oportunidade, há uns tempos, de jogar o primeiro título que embora tenha saído em 1994 nas arcadas japonesas, foi portado, também em 96, para a rival Playstation. 

 

 

 

Ora não foi o port desenvolvido para a Sony, a que tive acesso, mas antes à versão arcade do jogo, através da compilação Capcom Fighting Collection, na Switch, em 2022. 

A história do jogo em si é bastante simples, com a chegada eminente da criatura estrelar conhecida como Pyron a despoletar os diferentes Night Warriors a reunirem-se para o travar (ou para levar a cabo um outro qualquer plano pessoal). 

Outra versão da história vê Demitri reunir os restantes Night Warriors num torneio de forma a saber quem é o mais forte e deve governar a noite. 

De qualquer das maneiras tal não é explícito no jogo ou na sua introdução. 

Os Night Warriors retiram inspiração dos monstros clássicos do cinema e da mitologia yokai japonesa. Algo que pode ser facilmente observável não apenas nas personagens em si e na forma como estas são apresentadas no menu de selecção, mas também nos próprios cenários de jogo. 

Temos um total de 12 Night Warriors, sendo que desses apenas 10 são selecionáveis pelo jogador. 

 

 

 

Vamos passar à apresentação dos mesmos. 

Primeiro temos Demitri Maximoff, um vampiro de imenso poder, que procura vingar-se Belial Aensland, o governante de Makai (o reino dos demónios). 

Para além de vingança pela derrota passada às mãos de Belial, ele pretende obter para si o trono de Makai (uma terra que de resto já havia surgido anteriormente nos jogos de outras séries da Capcom, nomeadamente Ghosts 'n Goblins e o seu spin-off Gargoyle's Quest). 

Um nobre de origem romena, Demitri tem todas as habilidades e fraquezas associadas ao vampirismo, sendo ainda capaz de criar poderosas bolas de fogo que atira na direcção dos seus oponentes, como se de um hadouken se tratasse. 

 

 




 

Da Roménia, seguimos para as terras altas da Escócia, onde encontrámos aquela que se tornaria a figura de cartaz da série e uma das mais populares personagens da Capcom. 

Morrigan Aensland é uma succubus, um demónio que se alimenta de energia espiritual, filha do governante de Makai, Belial , e a principal adversária de Demitri. 

Ela luta maioritariamente por diversão neste primeiro jogo, frequentemente desobedecendo às ordens do seu pai que a proibiam de deixar o castelo sem supervisão. 

Morrigan tem um vasto arsenal de ataques, que incluem o seu próprio projéctil energético na forma do Soul Fist, um uppercut chamado Shadow Blade, entre outros.

 

 

 

Das terras altas da Escócia descemos para o sul, rumo a Inglaterra, onde iremos encontrar o relutante lobisomem conhecido como Jon Talbain. 

Um lutador sempre em busca de se aperfeiçoar na arte do combate e tentando (em vão) levantar a maldição da licantropia que reside no seu sangue, Jon é um dos mais rápidos combatentes que iremos encontrar no jogo, segundo apenas para a irrequieta Felicia. 

Jon, cujo nome no Japão é outro (lá ele chama-se Gallon), conta no seu arsenal com ataques muito similares ao rolling attack do street fighter Blanka (mas rodeado de ki) e um pontapé que parece ter tirado alguma inspiração ao famoso flash kick de outro street fighter, Guile. 

 

 

 

Segue-se o faraó eterno, Anakaris, a nossa múmia de serviço, que é capaz de controlar o seu corpo, modificando-o através do recurso a magia. 

Proveniente do Egipto, Anakaris nada mais quer do que proteger o seu reino da ameaça representada por Pyron. 

Como Dhalsim, Anakaris é capaz de expandir os seus membros à vontade. 

Capaz de pairar no ar, durante um certo período de tempo, Anakaris é, todavia, o mais lento de todos os combatentes disponíveis. 

 

 

 

Vindo da Austrália, temos o Lord Raptor (Zabel Zarock no Japão), um zombie subserviente a um poderosos demónio de Makai (pelo menos até tal lhe ser conveniente), Ozom. 

Raptor é um antigo músico que sacrificava a sua plateia precisamente a Ozom, em troca de poder. 

Com uma aparência repelente e totalmente imoral, Raptor usa todo o seu corpo como arma de combate, transformando os seus membros em motoserras e espadas, assim electrocutar os seus oponentes. 

 

 

 

Do Japão temos Bishamon, um homem possuído por uma armadura e espadas amaldiçoadas que clamam constantemente por sangue. 

Bishamon ataca maioritariamente com a sua espada, sendo capaz de retalhar em dois a oposição, com um golpe limpo da mesma. 

Ele é capaz de controlar energia plasmática e usá-la para atacar os seus oponentes. 

 

 

 

Felicia, a cat-girl do jogo, vem de Las Vegas, nos E.U.A, onde o seu maior interesse é o de tornar-se numa grande estrela do showbiz. 

A mais veloz de entre os Night Warriors, Felicia tem bastantes ataques fortemente ligados à sua natureza felina, contando com um poderoso uppercut e variados roll ups. 

 

 

 

O anfíbio brasileiro Rikuo (Aulbath no Japão),  procura vingar-se de Pyron, após este ter destruído o seu reino submerso na Amazónia. 

Ao mesmo tempo, procura desesperadamente por sobreviventes da sua espécie. 

Capaz de invocar fortes ondas de água e de expelir veneno paralisante, Rikuo é capaz de gerar ondas sonoras e transformar os seus membros em pinças para ataques devastadores.

 

 

 

Das estepes geladas do Canadá vem Sasquatch. Membro de um tribo de bigfoots, Sasquatch pretende mostrar a sua força ao mundo (num nod à motivação de Zangief). 

Capaz de expelir poderosas rajadas de gelo da sua boca e dono de uma força física assustadora, Sasquatch é o tanque deste jogo. 

Lento, mas resistente e poderoso. 

 

 

 

Por último temos Victor, a criação de um cientista de nome Von Gerdenheim. 

Proveniente da Alemanha, Victor é, para todos os efeitos, o monstro de Frankenstein. Uma forma de vida criada em laboratório, cuja única preocupação é a de proteger a sua irmã adoptiva Emily (também ela uma forma de vida laboratorial). 

Capaz de gerar ataques eléctricos a cada ataque seu, Victor conta ainda no seu arsenal com uma grande variedade de agarramentos que em muito lembram um lutador de wrestling. 

 



 

Para além destas 10 personagens jogáveis, temos ainda as duas secretas, na figura do robot Huitzil (Phobos no Japão), que funciona com middle boss e que pode ser encontrado em ruínas no México, e Pyron, o alienígena que controla o elemento do fogo e que funciona como o boss final do jogo. 

 

 

 

Pyron, proveniente do planeta Hellstorm (provavelmente Marte) aterra algures no meio do Atlântico para aquela que será a batalha final com o jogador. 

 


 

Cada uma das personagens dispõe do seu próprio cenário, sendo que alguns deles têm elementos que é possível danificar, como é o caso das stages de Jon, Anakaris ou Felicia, por exemplo. 

Alguns npcs podem ser vistos a deambular por estes cenários, desde os lobos de Jon e os gatos de Felicia, até às serventes humanas de Demitri ou o espírito do falecido Professor Von Gerdenheim no stage de Victor. 

 

 

 

A nível de gameplay este retira uma forte inspiração ao de Street Fighter II, com uma barra de especial a existir (como em Super Street Fighter II Turbo), que uma vez cheia pode ser usada para fazer um ataque especial mais poderoso ou meramente incrementar o dano de um dos nossos golpes especiais mais básicos. 

 

 

 

Este primeiro jogo introduz a defesa no ar, assim como o movimento enquanto baixado. 

Ainda assim, e depois de ter jogado a sequela/remake, notei que as personagens não são tão rápidas como seriam mais tarde. 

A música de Darkstalkers é particularmente boa e icónica, com os temas de Morrigan, Demitri, Jon a ficarem facilmente no ouvido. 

Todas as melodias se adequam às personagens e aos cenários nos quais elas são colocadas, complementando a acção. 

Um excelente jogo de luta que dois anos mais tarde daria lugar a uma sequela soberba na figura de Darkstalkers Revenge.