Muitas vezes desconsiderado entre os fãs da série Castlevania e entre os detentores do agora defunto GBA, Circle of the Moon, o qual foi um títulos de lançamento da consola, assim como o quarto Castlevania de natureza portátil, é uma aventura bastante sólida e interessante pelos corredores do demoníaco castelo da jovem vampira Camilla, uma das mais leais servas do conde Drácula.
Lançado pela Konami em 2001, Circle of the Moon, um jogo de aventura 2D, coloca-nos nas mãos o jovem caçador de vampiros Nathan Graves.
Este, munido do Hunter Whip*, vai chegar a um decrépito castelo, na companhia do seu mestre Morris Baldwin e do filho deste, Hugh (também ele um caçador, mas servindo-se antes de uma espada), com esperança de travarem a ressurreição do senhor das trevas, Drácula.
Contudo, chegam demasiado tarde. Graças à sua fiel serva, Camilla, o conde está de volta, e apesar de estar visivelmente mais fraco, o vampiro não tem dificuldade em capturar o Morris e livrar-se rapidamente do duo de jovens, ao fazer colapsar o chão da sala onde estavam e com isso enviando-os directamente para as catacombas do castelo.
O motivo para Drácula ter capturado Morris não é apenas o de se vingar do papel que este teve na sua derrota anterior (juntamente com os pais, agora falecidos, de Nathan), mas também para o usar como cordeiro de sacrifício e dessa forma restaurar o seu poder à sua totalidade.
Felizmente, para o nosso duo de heróis o tempo está parcialmente do lado deles, uma vez que tal sacrifício apenas poderá decorrer numa fase específica da lua.
Hugh depressa abandona Nathan, afirmando que apenas a ele lhe compete salvar o pai e salientando que Nathan deveria sair do seu caminho.
É então neste momento que se inicia a nossa aventura, com Nathan a encontrar os seus primeiros adversário na imagem dos já clássicos esqueletos lançadores de bombas.
Como os caçadores antes dele, Nathan tem como sua arma primária o chicote.
Este tem a particularidade de poder ser usado como em Super Castlevania IV, permitindo criar um círculo defensivo em volta da personagem principal, o que será particularmente útil para travar determinados projecteis adversários.
Embora o chicote em si não faça level up, como em jogos anteriores da série, ele ganhará novas habilidades se for usado em conjunção com a grande novidade de Circle of the Moon, as cartas mágicas que fazem parte do sistema DSS, a.k.a Dual Set-Up System.
Num total de 20 cartas para serem encontradas, divididas entre 10 cartas de acção e 10 de atributos.
A utilização de uma carta de acção combinada com outra de atributo permitirá a Nathan conseguir aceder a novas habilidades, podendo ser elas ofensivas, defensivas ou mesmo acelerar o seu level-up.
As 10 cartas de acção são: Mercury, Venus, Diana, Jupiter, Uranus, Mars, Apollo, Neptune, Saturn e Pluto.
As 10 de atributo são: Mandragora, Salamander (que é a mais fácil de obter), Cockatrice, Golem, Serpent, Manticore, Griffin, Thunderbird, Unicorn e Black Dog.
Deixo agora alguns exemplos de possíveis conjugações de cartas. Mercury e Salamander, por exemplo, permite-nos transformar o nosso chicote de um normal, para um de fogo.
Mercury e Serpent, por sua vez, transformará o chicote num de gelo. E isto são apenas duas das dez combinações possíveis com a carta Mercury.
Combinações com Venus irão, por sua vez, afectar os stats de Nathan e não o seu chicote propriamente dito.
A combinação com a Cockatrice pode ser particularmente útil, uma vez que permitirá ao jogador obter EXP através do mero acto de caminhar (embora seja de forma muito lenta).
Conjugações com Jupiter permitirá a Nathan criar barreiras defensivas à sua volta, quer sejam elas círculos de fogo, gelo, veneno, entre muitos outros.
Mars irá transformar o nosso chicote noutras armas diferentes (desde espadas a martelos), Diana permitirá ao nosso chicote disparar projectéis de diferente natureza, Apollo concede a Nathan um poderoso ataque especial, Neptune permitirá curar o nosso herói e protege-lo de determinados elementos, Saturn permitirá a convocação de um familiar para nos ajudar na batalha e Uranus por sua vez concede a Nathan a capacidade de invocar os próprios avatares das cartas directamente.
Por último, Pluto pode ter efeitos bastante aleatórios que irão da invencibilidade temporária, à transformação num esqueleto.
Como podem ver, variedade não falta, sendo que a forma com cada jogador conjuga estas cartas com o seu estilo de gameplay pode em muito variar.
O uso das cartas, contudo, não é infinito, estando dependente da nossa barra de magia. Uma vez esgotada, o efeito das cartas perde-se.
Para além disso, encontrar as cartas propriamente ditas é também ele um desafio e uma sorte, uma vez que algumas só existem em determinadas zonas do castelo e apenas podem ser largadas por certos adversários.
A juntar ao chicote e às cartas, temos ainda as já tradicionais sub-weapons, que surgem na figura do relógio, da cruz, do machado, da faca e da água benta.
De entre estas cinco, e devido ao seu efeito bomerangue, a cruz costuma ser a mais útil.
O machado permite atingir mais facilmente inimigos aéreos e fora de alcance, ao passo que a faca é bastante rápida, acertando apenas em linha recta.
A água benta afecta apenas inimigos terrestres e o relógio para o tempo durante alguns segundos.
As sub-weapons estão dependentes do número de corações que o jogador tenha na sua posse. Estes podem ser obtidos através das muitas velas espalhadas pelo jogo.
Circle of the Moon tem, à semelhança de Symphony of the Night, uma forte componente rpg e de exploração.
Não tendo um sistema de níveis linear (na verdade existem bosses que podemos evitar e certas áreas que podem ser acedidas antes do tempo devido), Nathan ganhará novas habilidades (como a capacidade de saltar mais alto, fazer duplo salto, arrastar caixas ou destruir paredes), ao derrotar o boss da respectiva zona, o que lhe irá permitir aceder a zonas anteriormente inacessíveis.
A componente rpg manifesta-se ainda nos stats de Nathan (defesa, sorte, inteligência e força) e na forma com o equipamento de certos itens podem melhorar as mesmas.
Assim como acontece com as cartas, também os itens podem ser obtidos a partir de adversários derrotados ou através da descoberta das múltiplas salas escondidas espalhadas pelo castelo.
Aqui não existe uma loja in game, onde se possa comprar itens, pelo que o jogador deve ser fulgral, sobretudo no uso de itens de cura, uma vez que estes podem tornar-se difíceis de encontrar (estará dependente do nosso stat de sorte).
O jogo conta com diferentes zonas, cada uma delas com o seu próprio boss final. A primeira das zonas é a das catacombas, seguindo-se a sala de audiências, a capela, as muralhas do castelo e muitas outras, num total de 15 áreas a serem exploradas.
É certo que não teremos que explorar as 15 para chegarmos ao fim do jogo (uma delas é mesmo opcional), mas a variedade e o desafio que cada zona proporciona é refrescante.
A Underground Waterway é, por exemplo, uma das áreas mais desafiantes de todo o jogo, com as suas águas envenenadas, puzzle solving e alguns dos inimigos mais difíceis de Circle of the Moon.
Relactivamente, aos inimigos estes são bastante variados, com muitos dos vilões clássicos de outros jogos da série a fazerem um comeback.
Temos demónios elementais, harpias, succubus, esqueletos, espíritos, armaduras animadas, lobisomens, morcegos, necromantes, entre muitos, muitos outros.
Cada um deles tem um determinado tipo e padrão de ataque, o que exige ao jogador constante atenção e destreza.
De salientar que cada zona do castelo de Camilla contém o seu próprio conjunto de adversários.
Todavia, e à medida que formos avançando no mapa, se regressarmos a áreas iniciais do jogo, novos inimigos irão surgir, o que consiste num aumento significativo da dificuldade do mesmo.
Contudo, o ponto alto do jogo são, sem dúvida alguma, os bosses. Para além do tradicional boss final, Drácula (nas suas duas formas), temos ainda o canino gigante Cerberus, o esquivo Necromante (também ele com dupla forma), o resistente, mas lento, Iron Golem, o demónio aprisionado Adramelech, os venenosos Dragon Zombies (o único boss duplo do jogo), a já tradicional Death (com dupla forma), a senhora do castelo, Camilla, e o caçador de vampiros "renegado" Hugh (que está sob a influência de Drácula).
Se conseguirmos encontrar a esquiva Battle Arena (a área bónus de Circle of the Moon), teremos ainda que enfrentar, na sua sala final, a poderosa entidade demoníaca conhecida como Devil.
Circle of the Moon tem cenários mais escuros e menos coloridos do que futuros títulos da série, no entanto, continua a ter visuais extraordinários independentemente disso.
A Triumph hallway, com a sua visão da Lua, as muralhas da Observation Tower e os belos vitrais da Chapel Tower estão entre as minhas zonas favoritas, no que a visuais diz respeito.
Em termos musicais, Circle of the Moon recupera músicas de jogos anteriores, nomeadamente, Castlevania III e Super Castlevania IV, conjugando-as com novas líricas compostas por Sotaro Tojima.
Em conclusão, devo referir que Circle of the Moon tem quatro modos opcionais de jogo, desbloqueados logo após a conclusão do mesmo. São eles o Fighter Mode, Magician Mode, Shooter Mode e Thief Mode.
Em Fighter, o jogador será premiado com um poder físico inicial avassalador, contudo, não poderá usar nenhuma das cartas mágicas para o auxiliar.
Ora, o Magician mode faz o contrário, dando ao jogador acesso a todas as cartas logo desde o ínicio, mas a custo de força física.
O Shooter, por sua vez, maximiza o número de corações e permite ao jogador aceder a uma nova arma, a Homing Knife, mas reduz força, vitalidade e magia.
Por último, o Thief mode permite obter mais itens de cada monstro derrotado, aumentando a sorte do jogador, mas reduzindo todos os seus outros stats (numa verdadeira aventura survival horror).
*Nota: Este chicote difere do mais conhecido Vampire Killer, na medida em que apesar de também ele ter uma natureza mística, esta manifesta-se apenas aquando do seu uso combinado com certas cartas mágicas.
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