A maxi-saga que assolou as bancas dos EUA, em 1985, foi o primeiro grande abalo a se fazer sentir na continuidade fictícia do Universo DC. O Multiverso caiu para dar lugar a uma só Terra e a uma única versão dos heróis e vilões da editora norte-americana. Entre alguns dos mais visados por essas alterações estiveram estes três franchises:



O último Kryptoniano

     O Homem de Aço viu a sua origem reescrita por John Bryne, uma artista conhecido pelo seu trabalho em títulos da Marvel como X-Men ou Fantastic Four.
  The Man of Steel, lançado em 1986, modificou, e muito, a história do kryptoniano, conseguindo, até certo ponto, simplificá-la consideravelmente. 
Inicialmente planeada como uma mini de seis edições, Man of Steel tornou-se em edição mensal e introduziu velhos inimigos de forma bem diferente. 
Lex Luthor tornou-se em um magnata de má índole, deixando de lado a imagem de cientista louco que o segui por toda a Silver Age. 




     Bizarro passou a ser um mero clone imperfeito de Kal-El, com poderes idênticos aos do herói e não opostos. Até Metallo surgiu cosméticamente diferente. 
Antigas ideias foram abolidas.
  Superman viveu em Smallville, sim, mas nunca foi o Superboy, pois apenas iniciou a sua carreira heróica em adulto quando veio viver em Metropolis. 
Kal-El passou a ser o único sobrevivente de Krypton. 




     Não há espaço para Supergirl's, Krypto's ou Kandor. 
A variedade de kryptonite viu-se restrita à verde e Kal nunca serviu de inspiração para a Legion of Super-Heroes, do futuro.
 Seriam precisos muitos anos para tais elementos regressarem, de uma maneira ou de outra, às aventuras do Homem de Aço.


Regresso às raízes?

     Nos anos 80, a League havia descido do seu satélite espacial e tomado sede em Detroit, com o objectivo de se voltar a conectar com o cidadão comum. 
Repleta de novos heróis e contando apenas com Elongated Man, Martian Manhunter, Aquaman e Firestorm da formação anterior, a nova Justice League deixava a desejar, no que aos fãs dizia respeito.
A liderança, inicialmente a cargo de Arthur Curry (a.k.a Aquaman), vai ser entrege a J'onn J'onzz que não irá impedir uma desastrosa e humilhante derrota às mãos de Brimstone, um gigante elemental de fogo enviado por Darkseid para a Terra. Essa luta, inserida na mini-série "Legends", será o pontapé de saída para o desmembramento desta Justice League "Detroit".
Nenhum dos seus membros mais recentes escapará incólume. Vixen irá juntar-se ao recém-formado Suicide Squad, Gypsy abandonará, por algum tempo, a carreira heróica, enquanto que Vibro e Steel morrerão em combate. 





     No entanto, e como não se podia estar sem a JLA, a DC vai pedir aos argumentistas Keith Giffen e J.M. DeMatteis, para, juntamente com o desenhista Kevin Maguire, lançarem, em 1987, uma nova Justice League composta pelas maiores personagens da companhia.




     Contudo, o projecto saiu furado e apenas Batman e o Martian estavam disponíveis do grupo de membros fundadores. Wonder Woman, Superman, Hal Jordan, Flash e Aquaman foram substituídos por Black Canary, Captain Marvel, Guy Gadner, Mister Miracle e Doctor Fate. 
Reunido sob a liderança de Bruce Wayne, a nova JLA, sediada em uma gruta perto de Metropolis, vai tratar de impedir um ataque à sede das ONU, em Nova Iorque, levado a cabo por um grupo de terroristas. 




     O que os heróis desconheciam, na época, era que tudo isto havia sido arquitectado pelo magnata filantropo Maxwell Lord. Isto foi o começo do segundo volume da revista Justice League. Substituindo o America, no título, por International, esta nova Justice League vai ganhar inúmeros fãs devido ao humor fortemente presente nas suas histórias. Á JLI se irá juntar mais outras duas revistas irmãs, com destaque para a Justice League of Europe. A piada irá durar até pouco antes da morte de Superman, altura na qual as histórias da Justice League já haviam regressado à sua seriedade anterior.



O Novo Flash

     A personagem que surgiu como um sidekick do herói original, no nrº 110 da revista deste, em 1959, acabaria por tomar o lugar do seu mentor, após a sua morte trágica em Crisis on Infinite Earths. Wally, que dava pelo nome de Kid Flash, havia desistido da sua carreira heróica devido a um debilitante problema de saúde e só tinha regressado ao activo para ajudar Barry.




      Ao vislumbrar o uniforme vazio de Allen sob as ruínas da fortaleza do Anti-Monitor, West toma a decisão, incentivado por Jay Garrick (o Flash original) de continuar o legado.
Curado da doença que o afligia pela exposição às energias de anti-matéria, Wally torna-se o Flash no nrº 12 da maxi-série e dá início a um segundo volume da revista The Flash em 1987. 




     Logo na primeira edição, Wally depara-se cara a cara com um dos vilões mais perigosos da galeria do seu tio Barry, o imortal Vandal Savage.
West será um Flash bastante diferente daquele que Barry havia sido.
Dono de um grande sentido de humor, bem como de inúmeras dívidas ao Fisco Norte-Americano, Wally irá abandonar os Titans (equipa na qual havia sido membro fundador, como Kid Flash) para se juntar a uma versão europeia da alargada Justice League International.
Wally seria o Flash durante toda a década de 90, bem como durante grande parte do princípio do século XXI e somente após os eventos de Flash Rebirth é que voltaria a ceder o lugar a um Barry retornado.

Escrito por Ivo Silva