Os vampiros são um tema recorrente no cinema de horror. O mais famoso de entre eles é o famigerado Conde Drácula. Aparecendo em um número incontável de filmes ao longo dos tempos, sendo que um fiz referência a um deles faz bem pouco tempo, (Horror of Dracula) o Conde tornou-se na face da sua espécie. Criado pelo britânico Bram Stoker, o mito de Drácula encontraria lugar em dois filmes brilhantes, cada um à sua maneira, e os quais irei comparar aqui mesmo.


Dracula, de 1931


Baseado na peça de 1924, de Hamilton Deane e John Balderston, que por sua feita retira elementos do livro, este filme a preto e branco deu-nos uma das melhores interpretações do senhor dos vampiros, protagonizado pelo actor Bela Lugosi. A estória do filme segue o do livro, embora não totalmente. De qualquer das maneiras, vemos Dracula a capturar e escravizar, via o seu famoso olhar hipnótico, um pobre solicitador de nome Renfield. Conseguindo abandonar a Roménia, o Conde desloca-se para Inglaterra, onde o seu objectivo consiste em transformar a jovem Mina em uma das suas inúmeras esposas vampirescas. Notando que algo de mal se passa, os familiares de Mina contactam um doutor especializado em assuntos paranormais. Aqui entra o destemido Van Hellsing. Este, sem medo, caça o vampiro e, ironicamente (se considerarmos que Drácula foi inspirado pelo verdadeiro Conde romeno, Vlad Tepes o Empalador), impala o vilão, acabando com a sua ameaça de uma vez por todas. A actuação de Lugosi marcou a forma como futuras representações do Conde, foram feitas. Os cenários, embora desprovidos de cor, por se tratar de um filme a preto e branco, evocam, bem, a natureza gótica e bucólica da estória, que avança a passo pausado, mas seguro.





Dracula, de 1992


Mais directamente inspirado pelo romance de Bram Stoker, esta versão de Coppola traz o romance trágico ao de cima. Com a presença de grandes actores, como Keanu Reeves, Antonhy Hopkins e Gary Oldman, por exemplo, este filme foi um sucesso de bilheteira. Isto muito embora, Reeves, pela sua actuação neste filme, tenha sido alvo de ridículo, pela crítica. Tudo, devido, à sua interpretação over the top. Por outro lado, a representação trágica de Oldman, como Drácula, foi magnífica. Oldman conseguiu captar, na perfeição, um conde corroído pela vingança contra Deus e saudoso pelo seu amor perdido. Por sua vez, Hopkins trouxe-nos um austero, mas um pouco lunático, Van Hellsing. A estória, em si, é a mesma de 1931, mas traz-nos um ambiente muito mais trabalhado e sinistro. A forma como nos é apresentada é por vezes crua (as cenas do lobisomem e do morcego são bem representativas disto), mas simultaneamente, consegue ser de uma subtileza incrível. O Tom no qual a estória é contada, passada do lento para acelerado, sem darmos por isso. Tal é a nossa imersão na mesma e nas suas apelativas personagens. Os cenários são fantásticos. Como que tirados de algo fruto da imaginação de Tim Burton. O castelo do Conde, por exemplo, é muito mais decadente e a casa de Mina muito mais elegante. Londres é uma excelente representação de uma cidade recentemente industrializada dos princípios do século XX. Com uma banda sonora magnífica, este Drácula trouxe-nos aquela que, considero pessoalmente, ser a melhor versão do mito do senhor dos vampiros.





Aqui ficam os respectivos trailers de ambos os filmes, para, meu caros leitores, tirarem as vossas próprias ilações.






Escrito por Ivo Silva