Introdução:

Nesta retrospectiva vamos analisar o percurso de um dos mais conhecidos místicos do mundo ficcional, Doctor Strange. 

Desde as comics, até aos filmes, passando pela animação e pelos jogos de vídeo, vamos ver tudo o que há para ver acerca de Stephen Strange.

Boa leitura! 





A Origem, Ancient One e Eternity

Um dos místicos mais poderosos do Universo Marvel, Stephen Strange, a.k.a Doctor Strange, foi criado por Stan Lee e Steve Ditko, dois dos três artistas que ajudaram a fundar a Marvel (o outro foi Jack Kirby). 

Criado em 1963, Doctor Strange fez a sua primeira aparição nas páginas de Strange Tales #110 (Vol 1). 

Curiosamente já existia uma personagem com esse mesmo nome, um vilão do Iron Man (Tales of Suspense #41, de 1963), contudo e a pedido de Stan, Steve Ditko mantém o nome (a alternativa era Mister Strange). 

Ao contrário daquilo que era a norma para a época, a sua origem não foi contada imediatamente nas páginas do número 110, mas antes seria revelada cinco issues mais tarde. 

 Conforme é então revelado em Strange Tales #115 (Vol 1), Stephen Strange era um brilhante, mas extremamente arrogante cirurgião, que foi vítima de um terrível acidente rodoviário. 

O acidente em questão danificou os nervos nas suas mãos, impossibilitando-o de fazer aquilo que fazia melhor...operar.





 Com a medicina ocidental a não lhe oferecer uma solução válida para o seu problema, Strange decide explorar outras alternativas, pelo que viaja até ao Tibete à procura disso mesmo. 

Será precisamente aí que Strange conhecerá o Ancient One, o feiticeiro supremo do universo. 

O Ancient One, ciente que não lhe restariam muitos anos, estava a treinar um pupilo para que este eventualmente o pudesse substituir. 

Strange oferece-se, ao saber que poderia curar as mãos com magia, mas é recusado, pelos seus motivos serem egoístas. 

Evidentemente o Ancient One muda de opinião, sobretudo depois de Stephen salvá-lo de um atentado perpetuado pelo maléfico Baron Mordo (também ele um aprendiz do Ancient One). 


 


Depois disso o Ancient One toma Stephen como seu novo aprendiz e assim nasce Doctor Strange! 

Entre os seus muitos poderes, Strange é capaz de conjurar potentes feitiços e de projectar a sua consciência no plano astral.

A personagem, tão distinta visualmente dos outros heróis mais coloridos da Marvel, vai tornar-se particularmente popular junto dos universitários.

 Para isso ajudavam e muito as suas histórias surrealistas envolvendo velhas divindades, outros planos de existência e muita feitiçaria.


 


 Doctor Strange, cuja inspiração para a sua criação advinha de mitos e sobretudo da popular série radiofónica dos anos 40/50, Chandu The Magician, adquire os contornos próprios de contra-cultura, o que o torna ainda mais apelativo para jovens adultos.

 Nesta fase inicial da sua carreira, Doctor Strange partilha as páginas de Strange Tales com o Human Torch e o Thing, dos Fantastic Four, e mais tarde com Nick Fury, Agent of S.H.I.E.L.D.  

Isto mudaria após a partida de Ditko em Strange Tales #146 e a chegada de Bill Everett, Marie Severin e Don Adkins. 

Em 1968, Strange Tales transforma-se em Doctor Strange, mantendo contudo a numeração original que ia no 169.

 Este novo status quo não duraria muito e no número 183, a comic seria cancelada, deixando o feiticeiro sem livro durante alguns anos. 

Seria durante esta primeira fase, de 1963 a 1969, que seriam introduzidos alguns dos conceitos e personagens mais duradouros de Stephen Strange. 


 


O seu fiel servente, Wong, faria a estreia logo no número 110 de Strange Tales, embora o seu nome só tenha sido revelado nove issues mais tarde. 

Clea, uma feiticeira pertencente aos extra dimensionais Faltine, vai ser apresentada em Strange Tales #126, assumindo-se não só como a primeira aprendiz de Strange, mas também como seu interesse romântico e eventual esposa. 


 


Vilões emblemáticos como o já referido Mordo (Strange Tales #111), Nightmare (Strange Tales #110), os Mindless Ones e o temível Dormammu (ambos em Strange Tales #126), têm os seus primeiros confrontos com Doctor Strange nas páginas do primeiro volume de Strange Tales. 


 


É também aqui que surge pela primeira vez o Book of Vishanti, o Orb e Eye of Agamotto, todos eles artefactos de incrível poder (em Strange Tales #116,118 e 127 respectivamente), usados por Strange nas suas aventuras. 

O primeiro contém todos os feitiços de magia branca do universo, ao passo que o segundo permite ao usuário ver para além das paredes dimensionais e o terceiro usa magia branca da ordem mais elevada, concedendo também potentes habilidades psiónicas ao usuário. 

Por último, será também nesta primeira série de comics que veremos surgir o Sanctum Santorum, a casa de Doctor Strange, situada em Greenwich Village, Nova Iorque (Strange Tales #108, de 1963). 

Uma personagem bastante solitária, Strange teria alguns encontros esporádicos com outras personagens da Marvel, nomeadamente o popular Spider-Man e o asgardiano Thor, ajudando-os em confrontos com Xandu e Loki, respectivamente. 


 


Duas das histórias mais relevantes envolvendo Strange, viriam surgir o Eternity, em Strange Tales #138, que nada mais é do que a personificação viva do próprio universo e também Stephen adoptar uma persona mais heroica depois de ter visto a sua identidade usurpada pelo demónio Azmodeus, isto em Doctor Strange #177. 

Um encontro com os Fantastic Four e Namor, em Fantastic Four #27, de 1964, vai vai ser a primeira vez que Strange usará o seu Cloak of Levitation.


 
Feiticeiro Supremo, Defenders e Drácula

A entrada na nova década foi sinónimo de novas oportunidades para Stephen. Originalmente a Marvel tinha ideias para enquadrar as aventuras de Strange com as do jovem mutante Iceman, em mais um split book, contudo tal acabou por não ocorrer e o feiticeiro faria o seu comeback em Marvel Feature #1, de 1971. 





Nesse mesmo issue, veríamos a estreia dos Defenders, a non-team da Marvel, constituída por Namor, Hulk e...Strange. 

O trio iria unir-se para parar o cientista Yandroth e o seu aparelho de extinção global, o Omegatron. 

Strange depressa se tornará no líder efectivo do grupo, que ganhará a adição do Silver Surfer à sua lista de membros. 

O grupo voltaria a unir-se em The Defenders #1 (Vol 1), de 1972, passando a agir de forma mais constante a partir desse momento. 

Numa série que se prolongaria até ao número 152, de 1986, o trio estava reunido novamente, desta feita para combater o demoníaco Nameless One. 

 


A casa de Strange serviria durante muito tempo como base para o grupo, que veria chegar novos membros na figura de Valkyrie, Black Knight e Hawkeye. 

Em Avengers #116 (Vol 1), por intermédio das manipulações de Dormammu e Loki, os Defenders e os Avengers ver-se-iam em rota de colisão pela obtenção do artefacto Eye of Evil. 

No seu duelo com os Avengers, Strange consegue desenvencilhar-se facilmente de Black Panther e Mantis.  

No final ambas as equipas iriam unir esforços e derrotar o temível Dormammu. 


 


 Doctor Strange abandonaria os Defenders nas páginas do número 46, em 1977. 

O grupo passaria a ser liderado por Nighthawk, que forneceria o novo quartel-general ao grupo. 

Seria uma partida curta pois Strange regressaria no ano seguinte em Defenders #58, com Clea a acompanhá-lo. 

A saída definitiva de Strange teria lugar em Defenders #125, em 1983, quando será revelado que Strange e os restantes três membros originais do grupo não se poderiam voltar a encontrar sob pena da Terra ser destruída, via uma maldição que lhes havia sido colocada. 


 


A tradição dos Defenders será então continuada por outros dai em diante. 

Mas regressemos agora a 1972, e vejamos as aventuras solitárias do mago.

 Strange ocuparia o lugar de Warlock, que seria transferido para a sua própria série, como titular da comic Marvel Premiere a partir do número três. 

Essa situação iria prolongar-se até ao número 14, altura em que também Strange seria substituído, por Iron Fist. 

Esta curta run, escrita por Steven Engleheart e desenhada por Frank Brunner, serviu para Doctor Strange ter um encontro com Sise-Neg, um místico aparentemente responsável pelo acto da criação do universo.

 Isto levantou alguns problemas com o público mais religioso, que via Sise-Neg (Genesis ao contrário) como uma alegoria para Deus, ao ponto de Stan Lee ponderar escrever um pedido de desculpa oficial. 

Ainda mais importante que isso foi a introdução Shuma-Gorath, um poderoso vilão extra dimensional que usa a mente do Ancient One como porta para uma invasão da Terra, em Marvel Premiere #8 a 10. 


 


Sem alternativa, Strange é forçado a tirar a vida ao seu mentor de forma a impedir a dita invasão. 

Com o espírito de Ancient One a ascender e a unir-se ao Eternity, Doctor Strange torna-se no novo feiticeiro supremo do universo Marvel.

Será um Strange ainda mais poderoso, o que irá estrear na comic Doctor Strange, Master of Mystic Arts, corria o ano de 1974. 

Visto como o segundo volume de Doctor Strange, Master of Mystic Arts vai ter 81 números e terminará em 1987. 

Será nesta década que Strange terá um violento confronto com o senhor dos vampiros, Drácula. 


 


Num crossover entre Tomb of Dracula e Doctor Strange, o feiticeiro supremo, juntamente com um grupo de caçadores de vampiros, usa a Montesi Formula presente no livro de magia negra, o Darkhold, para aniquilar todos os vampiros em existência.

 Essa história teria lugar após o crossover inicial de Strange e Drácula em Doctor Strange #14 e Tomb of Dracula #44, nas páginas de Doctor Strange #58 a 62.

 Strange não só usou a fórmula, como também baniu os versos vampíricos do Darkhold para outro plano de existência, em 1983. 

Relevantes também são as introduções de novas personagens como Topaz, sua nova aprendiz e causa para o final do seu casamento com Clea (Doctor Strange #75) e Rintrah. 

Quatro anos depois de voltar a estrear numa comic própria, Doctor Strange vai tornar-se num dos primeiros personagens da Marvel a ser gracejado com um live-action. 


 


Intitulado de Dr Strange, este filme televisivo vai ser dirigido por Philip DeGuere e vai ter Peter Hooten no papel de Stephen Strange. 

Como Doctor Strange, Peter Hooten deve evitar a invasão da Terra pelo Nameless One e Morgan La Fay. 

O filme terá reviews positivas, contudo não terá sequela, pois a Marvel vai optar por afastar-se um pouco dos ecrãs após os falhanços colossais que foram as adaptações de Spider-Man e Captain America. 


 


Em 1981, Doctor Strange faria a sua primeira aparição no mundo da animação, com a participação no sexto episódio de Spider-Man and His Amazing Friends, numa história que o veria fazer team-up com diversos heróis da Marvel para escapar à casa de horrores do Chameleon, um vilão de Spider-Man. 


 


Três anos mais tarde, nas páginas de Incredible Hulk #300 (Vol 1), Strange será forçado a usar a sua magia para exilar um Hulk enlouquecido pelo vilão Nightmare. 

O gigante jade ficará preso nas Crossroads até ao número 314 de Incredible Hulk (Vol 1).