Na pérola desta semana venho apresentar-vos dois fantásticos títulos que partilham o mesmo nome icónico. Falo de Double Dragon. Irei fazer algo diferente e vou comparar o original de 1987, com o seu mais recente remake. Ambos são extremamente semelhantes, por um lado, mas, por outro são significativamente diferentes. É exactamente todos estes pontos que pretendo abordar.

Double Dragon
versão da NES


Double Dragon
Criado pela Technos Japan, numa altura em que o género Beat ‘em up era ainda escarço, Double Dragon revelou-se um sucesso que muitas moedas arrancou dos bolsos dos jogadores das Arcadas da época. Não seria surpresa, portanto, a sua automática transição para o mercado das consolas domésticas. De todas as diferentes adaptações houve uma que se destacou e acerca da qual vou ter especial atenção neste artigo. Falo da versão da NES. Esta, ao contrário da versão da Mega Drive, acrescentava um pouco mais à versão original da Arcada. Níveis maiores, mais complexos e mais difíceis. Uma estória um pouco alterada e a, infeliz, incapacidade de jogar o jogo com dois jogadores em simultâneo, foram alguns dos “tweeks” que a versão da NES trouxe a Double Dragon. Comecemos pela estória. Marion, a namorada de Billy, é raptada por um gangue de rua chamada de Black Warriors, e cabe ao mesmo Billy o seu resgate.




 Se na estória original contávamos com a ajuda de Jimmy, irmão gémeo de Billy, aqui estamos sozinhos com os nossos punhos. Na verdade, Jimmy é o líder do gangue nesta versão e o nosso opositor final. Para progredirmos no jogo devemos eliminar todos os opositores no ecrã, fazendo uso dos já referidos punhos ou das mais eficazes patadas. Pelo caminho, podemos, inclusive, apanhar armas ou objectos que usamos para espancar os nossos adversários. (embora deva salientar que as ditas armas não transitam de nível com a nossa personagem) Double Dragon assenta em um sistema bastante de simples de level up que é útil na medida em que nos permite aceder a novos golpes à medida que o formos fazendo. O jogo tem um total de quatro áreas para atravessar, cada uma com o seu próprio boss final, e um ou outro middle boss pelo meio, que geralmente consiste no gigantesco Abobo. Billy terá que atravessar a cidade, a fábrica, o bosque e, por último, o esconderijo dos maus da fita. Isto é o modo principal de jogo. Contudo, e numa nova surpresa da Nintendo, este Double Dragon tem um Modo B, que basicamente é um fighting game para dois jogadores, usando as personagens do jogo. Este é um modo que entretêm, mas peca pelo cenário único e, sobretudo, pelo facto de ambos os jogadores só poderem seleccionar a mesma personagem para jogar. 


Graficamente o jogo está muito bem transplantado para a NES, ainda que sofra do “desaparecimento” de objectos e personagens quando temos muita coisa no ecrã. Todavia, isso era algo comum nos jogos da NES. No Double Dragon da NES dá-se grande ênfase às plataformas. O que não é sempre bom. Falta-lhe a finesse de um verdadeiro jogo de plataformas, pois os saltos não são propriamente os mais exactos. Daremos por nós a perder mais que uma vida só para saltar sobre um rio. A música é uma das mais memoráveis dos jogos de vídeo e a sua qualidade é elevada. Desafio-vos a nunca terem ouvido ninguém a cantarolar uma das músicas deste jogo. No geral, Double Dragon da NES, embora possa ser um pouco difícil demais para as actuais gerações de jogadores, é, por seu próprio mérito, um clássico dos jogos de vídeo.






Double Dragon Neon
versão digital


Double Dragon Neon


Neon foi feito por uma companhia que tem dado cartas no mercado, a Way Foward. Publicado pela Majesco, este Double Dragon faz uma espécie de Reboot ao original e foi colocado disponível em formato digital, apenas, para a X-BOX 360 e PS3. Mais uma vez, também aqui Marion é raptada. Desta feita, quem faz o rapto são os Shadow Warriors, liderados por uma nova personagem, o samurai esquelético, Skullmageddon. Billy e Jimmy estão juntos na sua missão de recuperar a rapariga. O jogo decorre, então no tradicional Beat’em up, com ambos (ou só um, dependendo da forma como queiramos jogar) a terem que eliminar todos os adversários do ecrã, de forma a progredir na estória. Para além das armas e objectos caídos, a grande novidade deste Double Dragon são, não apenas os items para encher a energia, mas também a possibilidade de fazer um ataque especial, que pode ir de um pontapé rotativo, à evocação de um dragão gigantesco. 



O sistema de level up continua a existir, mas agora é feito visitando a personagem do Blacksmith, que surge apenas em alguns níveis. O jogo, em si, é muito maior e tem uma grande variedade de cenários. Em um momento estamos nas ruas de uma cidade decadente e noutro no espaço. Neon é um Reboot imprevisível. Nunca sabemos o que virá a seguir ou que tipo de inimigos iremos enfrentar. Todo o jogo é uma grande homage aos anos 80, com inúmeras referências a aspectos e músicas da época. O próprio design, excelente, das personagens evidencia isso mesmo. É só olhar para Billy e Jimmy para nos recordarmos de flics com Mad Max. Velhas personagens, como Abobo recebem um lift face, enquanto as que são introduzidas de fresco rapidamente ganham o nosso aval. Graficamente, o jogo opta por um 3D detalhado, embora o jogo, em si, se jogue como um beat’em up 2D. 


A dificuldade continua acentuada e mesmo insuportável em certas partes. Todavia é atenuada pela possibilidade de restaurar a vida ao nosso colega, se formos rápidos o suficiente, e por continuas infinitos. Isto sem falar que o jogo permite ao jogador retomar do nível no qual perdeu. Um dos grandes problemas do original, todavia, transitou para esta nova versão. Falo das infames plataformas. Aqui elas existem em abundância e, infelizmente, o nosso controlo das personagens principais continua a não ser o mais perfeito, pelo que, uma vez mais iremos perder vidas desnecessariamente. A música é, com tudo o resto, uma homenagem aos anos 80 e ao jogo original. Double Dragon é, no entanto, uma grande experiência, que recomendo a jogar a dois. É divertido, mesmo com a sua dificuldade crescente. Como o original, é para jogadores pacientes apenas. Sobretudo os níveis finais.  




Escrito por Ivo Silva