Kill Bill é um filme norte-americano dirigido e criado por Quentin Tarantino. Com a sua estória dividida em dois filmes ou volumes, que saíram em 2003 e 2004 respectivamente, Kill Bill é um thriller de acção que mistura uma grande variedade de outros estilos cinematográficos, bem como a irreverência do seu próprio realizador. Em Kill Bill temos um pouco de tudo, desde o italiano western spaghetti até às artes marciais do cinema de Hong Kong. Fã confesso de Animação japonesa, Tarantino tratou de embutir um pouco dessa mística no seu filme.


Como nos Animes, também aqui se prima por um exagero de acção non stop e de combates extraordinários. A forma como o sangue esguicha a cada corte de espada e a própria movimentação das personagens pelo cenário onde decorre a luta parecem-nos reminiscentes de Animes como Ninja Scroll. Tarantino leva este seu fascínio pela cultura asiática ainda mais longe, ao colocar a protagonista, The Bride, vestida com um fato de treino amarelo, muito parecido com o usado pelo falecido Bruce Lee. No primeiro volume o filme de acção dá lugar, por breves momentos, a uma curta película de animação que relata a origem de um dos vilões do filme, O’Ren Shi. Como já foi referido, Kill Bill tem algumas das melhores lutas alguma vez presentes em cinema. A “batalha”, sim porque é uma verdadeira batalha, da Bride com os Crazy 88 é fenomenal. 


O sangue vermelho mistura-se com as cenas a preto e branco criando o que a meu ver é um espectáculo visual inesquecível. E o melhor de tudo é que faz isso à moda antiga, sem recorrer ao uso de CGI. Não é que tenha nada contra o uso do mesmo, mas é de valorizar um filme que consegue sobreviver sem isso. Todavia, Kill Bill não vive só das suas cenas de acção, mas tem também uma estória bastante apelativa. Desde logo é estabelecido, bem no princípio do filme, a premissa do mesmo. A heroína Bride, protagonizada por Uma Thurman, naquele que é provavelmente o seu melhor papel de sempre, é traída pelos seus antigos colegas e pelo ex-amante, Bill, representado por David Carradine. No dia do seu casamento Thurman é brutalizada e alvejada. A criança que trazia no seu ventre é-lhe arrancada. A Bride passa, então, meses em coma, mas quando desperta, o sentimento de vingança contra os seus antigos compatriotas é grande. Tão grande que Thurman irá viajar pela América e pela Ásia para os caçar. Munida de uma espada samurai feita pelo grande mestre forjador, Hattori Hanzo, a Bride enfrenta-os um a um, até que só reste Bill. Entre os dois volumes existem algumas diferenças. Enquanto no primeiro domina a acção frenética e as lutas non-stop, no segundo a dita acção é muito mais pausada, e o frenesim dá lugar a um tom mais parado e a uma estória mais reflectiva. De qualquer das maneiras tanto o primeiro como o segundo volume têm os seus méritos e devem ser vistos em conjunto para conseguirmos ter a estória completa. Se forem fãs de Anime, acção ou de Tarantino, devem a vocês mesmos ver este filme.  







Escrito por Ivo Silva