Street Fighter II é, sem qualquer sombra de dúvida, um dos melhores jogos de vídeo alguma vez criado, ao elevar e muito a qualidade do género de luta. 

Por essa razão, pensar-se-ia que seria difícil para a Capcom criar algo que viesse superar este seu hit de 1991. 

Não poderíamos estar mais enganados. 

Dois anos depois, a gigante nipónica brindar-nos-ia não com um, mas com dois novos Street Fighter II. 

Um para a Mega Drive, de nome Special Champions Edition, e outro para a SNES, chamado de Turbo, alimentando a 16 Bits Wars, que nesta altura estava no seu auge. 

Mais do que um simples update gráfico e sonoro em relação ao Street Fighter II original, ambos os títulos brindariam os jogadores com um conjunto de novidades bastante significativas. 

Antes de abordarmos as diferenças entre os dois jogos vamos dar uma vista de olhos naquilo que têm em comum. 

Tanto Special, como Turbo permitem que se jogue com os quatros chefes finais (Bison, Balrog, Vega e Sagat), o que  vem aumentar o roster de personagens seleccionáveis de oito para doze.


 


Para além disso, e ao contrário do que se sucedia em Street Fighter II, nestes updates é possível a dois jogadores escolherem a mesma personagem.

Com a introdução dos Mirror Matches, vêm também as paletes de cores alternativas, que mudam ligeiramente o visual dos nossos lutadores (por exemplo: Ken com kimono roxo ou Sagat com calção branco e vermelho). 

Os finais dos lutadores, assim como os seus sprites, são ligeiramente retocados, com os quatro chefes finais a ganharem um fim comum.


 


Ambas as versões dispõem de dois modos de velocidade distintos. 

O Champion e o Hyper, para o Special Champions Edition e o Normal e Turbo, para o jogo da SNES. 

Esta variação na velocidade serve fundamentalmente como um incremento da dificuldade e constitui um novo desafio para os jogadores mais experientes. 

O retoque dado nas personagens não foi apenas estético, como referi acima, mas também foi feito no que à jogabilidade diz respeito.

Ryu e Ken viram os seus estilos de luta tornarem-se mais distintos, com Ken a ganhar um Dragon Punch mais forte e Ryu a ter o Hadoken mais potente. 

Ambos passam a conseguir efectuar o Hurrricane Kick enquanto saltam.


 


As alterações incluem ainda novos golpes para grande parte das personagens.

Chun-Li ganha os seus famosos kikoken e Spinning Bird Kick, ao passo que vê o Lightning Kick ficar ainda mais veloz. 

Blanka passa a dispor de um Rolling Attack vertical e as suas descargas eléctricas são agora mais letais. 

E-Honda ganha o Sumo Splash, o qual funciona basicamente como uma medida providencial contra ataques aéreos, corrigindo uma das fraquezas deste lutador no Street Fighter II original.

Dhalsim dispõe do Yoga Teleport, para surpreender os seus oponentes.

Zangief, que está mais rápido, desfruta duma versão melhorada do Double Lariat, que o torna invulnerável a ataques baixos.





Vistas as semelhanças, vamos agora ver as diferenças. 

A grande novidade de Special Champions Edition, e até agora algo raramente replicado num jogo da série, foi a introdução do Group Battle Mode. 

Este modo de luta em equipa serve de alternativa aos já característicos story mode e vs battle mode. 

Como o próprio nome indica, em Group Battle Mode, dois jogadores podem competir entre si, através da escolha de equipas que podem ter até seis lutadores. 

Subdividindo-se em Match Play (com um só round entre duas personagens, por ordem de selecção) e Elimination  (com as personagens a lutarem até serem derrotadas), este modo é uma lufada de ar fresco. 

É vitorioso, o jogador cujos membros da equipa vençam mais combates.


 


 Do outro lado da contenda, em Street Fighter II Turbo, a principal novidade advinha não de novos modos de jogo, mas antes na velocidade alucinante deste. 

Alguns jogadores diriam que o jogo da SNES é muito mais técnico e difícil que a sua contra parte na Mega Drive, uma vez que era exigido mais timing na hora de efectuar os golpes especiais. 

Ambos os títulos destacaram-se nas suas respectivas consolas, mantendo o estatuto de melhor jogo de luta, em igualdade com a série da Midway (Mortal Kombat), pelo menos até ao lançamento de Super Street Fighter II.


 


Qual destes jogos de 1993 é o melhor, perguntam os leitores? 

Depende muito da opinião de cada um, mas e apesar de ambos serem valorosas adições à série, a verdade é que Special Champions Edition parece-me ser merecedor do título, pela simples existência do Group Battle Mode e por uma cover art fantástica.


 


Nota: Se quiserem saber mais acerca da série Street Fighter dêem uma vista de olhos na nossa retrospectiva  escrita por Bruno "O Grifo".