Esta comédia de horror de 1985, escrita e dirigida por uma lenda desse género de filmes, Tom Holland (que também foi o responsável por Psycho II, Child's Play e Thinner), depressa se tornaria naquilo que apelidamos de filme de culto.
A história apresentada por Fright Night é simples, mas refrescante, combinando horror e humor de uma forma bastante equilibrada.
Começámos com um jovem de 17 anos chamado Charley Brewster (representado pelo actor William Ragsdale).
Este é um aficionado por filmes de horror antigos e devota grande parte do seu tempo nocturno a visualizar as longas maratonas televisivas dos mesmos apresentadas por Peter Vincent (representado pelo falecido Roddy McDowall), um suposto caçador de vampiros.
Eis que a chegada de um novo vizinho, o carismático Jerry Dandrige (representado por Chris Sarandon), desperta desconfiança no jovem, que acredita que o primeiro é na verdade um perigoso vampiro.
Tal desconfiança revela-se acertada, pois Charley vê com os seus próprios olhos, Jerry alimentar-se do sangue de uma mulher.
A juntar a isso, Jerry nunca é visto durante o dia, com as tarefas diárias a ficarem ao encargo do seu fiel servente, o igualmente sinistro Billy.
Contudo, ninguém acredita nos relatos de Charley.
Todos refutam as suas teorias acerca de Jerry ser um vampiro e vêem Charley como sendo um verdadeiro lunático.
Ignorado pela namorada, pelo melhor amigo, pela mãe e pela polícia (que Charley contacta após ver Billy retirar o cadáver de uma jovem, envolto num saco preto, do interior da habitação de Jerry), Brewster decide recorrer ao seu ídolo, Peter Vincent.
Todavia, na verdade este não é mais que um velho actor, cansado e cujo programa está em vias de ser cancelado.
Também ele ignora os apelos de Charley e, para não variar, o toma por um maluco.
Entretanto, Jerry confronta Charley directamente, revelando-lhe a sua verdadeira face vampiresca e aconselhando-o a esquecer tudo aquilo que pensa ter visto.
Em troca do seu silêncio, Jerry promete não visar nenhum dos conhecidos e familiares de Charley.
Apesar de ser um acordo relativamente razoável aquele que lhe é proposto, Charley recusa, não desejando virar a cara aos assassinatos perpetuados pelo vampiro.
Está criado um clima de terror, com o amigo de Charley, Evil Ed, a ser convertido ao vampirismo por Jerry, que também rapta Amy, a namorada do jovem Brewster.
Incapaz de combater sozinho contra o vampiro, Charley volta a pedir a ajuda de Peter, confiante que o conhecimento deste último acerca de vampiros poderá ser útil na tarefa de parar Jerry.
Desta feita, o temeroso actor aceita e o duo prepara-se para invadir a casa de Jerry, colocar um ponto final no vampiro e resgatar Amy das suas garras.
Fright Night é um daqueles filmes intemporais e de visualização obrigatória no Halloween.
Repleto de personagens carismáticos, o grande destaque do filme de 1985 recaí, sem sombra de dúvida alguma, na personagem de Peter Vincent, que bebe inspiração de duas lendas do cinema de Horror: Peter Cushing e Vincent Price.
De confiante, para assustado e confiante novamente.
Peter é absolutamente fantástico de se ver e sem ele, Charley nunca teria hipótese de vencer Jerry.
O papel definitivo de Roddy McDowall, a meu ver.
Fright Night tem ainda algumas cenas fantásticas, desde a morte horrorosa de Billy, à casa de Vincent e passando ainda pela transformação de Ed em lobisomem ou pela batalha final na cave do vampiro.
Em 2011, um remake seria produzido por Alison Rosenzweig e Michael De Luca.
Com a direcção de Craig Gillespie, o novo Fright Night muda a localização dos subúrbios, estabelecendo o filme na cidade de Las Vegas, mas mantém a mesma premissa, se bem que com um tom mais virado para a acção.
A ocupação das personagens é ligeiramente alterada.
Jerry (Colin Farell) deixa de ser um negociador de arte, para passar a ser remodelador de interiores, aglutinando as funções do servo Billy, o qual não existe nesta versão de 2011.
Jerry é apresentado não tanto como o vampiro stokeriano, mas antes como um serial killer extremamente destrutivo.
Numa das cenas do filme e como forma de ultrapassar a impossibilidade de entrar na casa de Charley sem ser convidado, Jerry rompe um tubo de gás e manda a casa pelos ares.
Jerry mantém a confiança que a versão de 1985 demonstra, mas tem uma contagem de corpos enorme, comparativamente ao original.
Contudo, e embora Billy não exista, Jerry não está desprovido de servos.
Para além dos transformados Ed e Amy, Jerry tem uma legião de vampiros constituída pelos outros jovens da cidade.
Ed não é tão insano como o Evil de 85, apresentando-se mais como um nerd paranóico.
Não existem muitas mudanças no que a Amy ou à mãe de Charlie dizem respeito, embora a última tenha bastante mais tempo de antena e seja mais proactiva no que ao combate diz respeito.
Relativamente aos dois protagonistas principais, Charley (Anton Yelchin) é pouco diferente do filme original, com a grande mudança a residir em Peter Vincent (aqui representado pelo Doctor Who, David Tennant).
Muito mais excêntrico, Peter tem um popular número de magia em Las Vegas.
Rico (tem a sua própria penthouse), Peter continua a intitular-se de maior caçador de vampiros de todos os tempos.
Altamente egoísta, este Peter é, ainda assim um verdadeiro caçador, com uma forte ligação a Jerry (este matou os pais dele).
Como tal a sua casa está repleta de artefactos verdadeiramente apropriados para eliminar vampiros e não por meras props de filmes, como em 85.
É óbvio que no final, Peter acaba por ajudar Charley no embate contra o vampiro, que tem lugar numas catacumbas situadas por baixo da casa de Jerry.
Comparando ambas as versões, podemos dizer que o original de 1985 está bastantes furos acima, sendo muito mais memorável.
A versão de 2011 é igual aos inúmeros filmes de vampiros que enchiam as salas de cinema na primeira década do século XXI.
Os efeitos e a banda sonora foram aspectos que não envelheceram bem neste remake de 2011.
No entanto, nem tudo é negativo, com a cena da derrota final de Jerry (e o engenhoso plano elaborado por Peter e Charley para o fazer) a ser um must see.
Em contrapartida, o original de 1985 está como que preso numa bolha intemporal e é uma carta de amor a todos os fãs de horror clássico (Universal e Hammer).
As personagens de Peter Vincent, Charley e Jerry são magnificamente interpretadas e a animatrónica está a cargo das mesmas pessoas que estiveram por detrás dos efeitos do igualmente memorável , Ghostbusters.
A terem que ver uma das versões, aconselho vivamente a de 1985 como um todo.
0 comments:
Enviar um comentário