Nas pérolas de hoje vou abordar não um, mas dois jogos que exploram a temática do horror. Ambos são títulos da Wii e ambos não são particularmente apreciados pelos possuidores da consola. Embora não correspondam ao que de melhor se fez no sistema, tanto um como outro têm os seus méritos, na medida em que nos conseguem entreter. Estes jogos de “série B” têm uma espécie de “charme” que faz, quem já os jogou, voltar para mais uma rodada, embora saibam que a experiência vai ser exactamente a mesma.

Onechambara Bikini Zombie Slayers
Versão da Wii


Onechambara: Bikini Zombie Slayers

Lançado em Fevereiro de 2009 para a Wii, na Europa e EUA, Onechambara é um jogo de hack and slash, desenvolvido pela Tamsoft e publicado pela D3. Bikini Zombie Slayers era já um título regular nas máquinas da Sony, no entanto, esta sequela de Bikini Samurai Squad, não só foi a primeira a ir para a grande N, como se tornou em um título exclusivo da mesma. A estória do jogo é simples e mistura uma certa exuberância e voyeirismo nipónico, com a natureza absurda e o gore excessivo dos filmes de horror série B. Tomamos o controlo de duas irmãs, ambas portadoras do Baneful Blood. Esta maldição, herdada da família, deixa-as vulneráveis a ataques de fúria selvagem e incontrolada. Ambas tentam, por todos os meios, curar-se desse seu problema, enquanto limpam a cidade das hordas incessantes de zombies que as infestam. Aya, de bikini e chapéu de cowboy, é a grande protagonista da série. 


As suas duas espadas despedaçam os monstros sem piedade. Aya pode, ainda, ostentar as espadas como uma, para um ataque mais lento, mas poderoso. A segunda opção de jogo é a irmã mais nova, a colegial Saki. Saki usa uma única espada como forma de ataque, mas serve-se dos punhos sempre que deseja efectuar outro género de investida mais forte. Os controlos do jogo são simples. Temos um botão para a esquiva, sendo que todos os movimentos de ataque são efectuados abanando o nunchuk e o comando. Embora, geralmente precisos, é necessário ter em atenção que os controlos não são 100% fiáveis. Por vezes, podemos fazer ataques que diferem dos que originalmente tínhamos em mente. Todavia o gameplay é uma mera questão de habituação. É fácil para um jogador experiente de Hack and Slash, rapidamente assumir o controlo da situação. Outros factos a ter em atenção são a barra que indica a quantidade de sangue que temos acumulado na lâmina e a barra que mostra o sangue que cobre a nossa personagem. Se a primeira ficar cheia, é necessário “sacudir” o excesso de líquido vermelho da arma, caso contrário, esta ficará romba e facilmente se prenderá nas carcaças dos nossos opositores.


 A segunda, assim que atingir o seu zénite, permite, tanto a Aya, como a Saki, chegar a um nível que gosto de denominar de Super-Guerreiro. Neste modo Berserk, as habilidades de ambas crescem exponencialmente. O único senão é a curta duração do mesmo. Existe um sistema de pontos de experiência, que são obtidos durante o jogo, e podem ser usados para melhorar os diferentes atributos das nossas personagens. Para além destas duas personagens temos mais duas secretas, que podem ser desbloqueadas por via da conclusão do modo história. São elas, Reiko 9, um dos clones da Reiko original e portadora de uma caçadeira e metralhadora, e Misery que possui uma espada chicote, ao estilo de Ivy Valentine do Soul Calibur. Juntamente com estas personagens é ainda possível desbloquear fatos diferentes para cada uma delas. Para isso, é necessário chegar ao fim do jogo nos diferentes modos de dificuldade. O que de si não é muito complicado, pois o jogo torna-se mais fácil e previsível à medida que o vamos jogando mais vezes. 


Isso deve-se, também, aos níveis, cuja variedade e originalidade não é muita e às próprias lutas de bosses, que são escassas e pouco desafiantes. Certas vezes sentimo-nos perdidos na área de jogo. O que nos vale é o pequeno mapa no canto superior direito, que nos guia eficazmente pelo nível. Para além do referido modo história, temos ainda, um modo treino, sobrevivência e, mais relevante que estes dois, um para dois jogadores. Jogado a dois, a diversão de Onechambara duplica consideravelmente. Graficamente é mais que óbvio que Onechambara não é dos melhores da Wii. A música não é memorável, mas tem uma ou outra melodia que eventualmente ficará no nosso ouvido por uns dias. No Geral, Onechambara é um must buy para fãs de Animes de acção echii, embora tenha as suas falhas óbvias. É um título acessível e que se termina em cerca de três horas, mais ou menos. É, sobretudo, um bom jogo para passar a noite da Halloween com os amigos. 





Ju-On The Grudge
Versão Wii


 Ju-On The Grudge


Nascido a partir do popular franchise cinematográfico japonês, Ju-On foi um jogo feito, pela Feelplus, para comemorar os 10 anos da série. Dirigido por Takashi Shimizu, o homem responsável pelos filmes, Ju-On segue a estória de quatro protagonistas distintos, que se deparam com quatro situações diferentes. O único ponto em comum entre todas elas é que, todos eles vão ficar “presos” em locais abandonados e serão perseguidos por entidades fantasmagóricas. Nomeadamente, o rapazinho “gato”, como é apelidado por muitos jogadores, e a menina demoníaca, que é a grande ameaça e estrela do jogo. Tentando escapar do local e da fúria do espírito vingativo, o jogador deve navegar pelo cenário usando uma lanterna. A lanterna é controlada pelo comando, que também serve para movimentarmos a nossa personagem. O botão B e o direccional (ao carregar para baixo) permitem fazer a personagem avançar e recuar. Temos, portanto, uma mecânica muito simples. Os únicos perigos que teremos no jogo provêem da dita rapariga, cujos ataques surpresa levam-nos a pequenos quick time events, e da falta de pilhas.


 Ao longo de Ju-On, para além de tentarmos encontrar o caminho para fora dos ditos locais, temos que ter em atenção que a luz da nossa pequena lanterna é tudo o que afasta os fantasmas de nós. Ao acabar, termina também a nossa vida e, consequentemente, o próprio jogo. As pilhas são escassas e a sua duração é curta, pelo que, não nos podemos dar ao luxo de explorar muito os níveis. O importante é encontrarmos, depressa, as chaves que nos permitem abrir as portas e progredir no jogo. Os níveis, em si, são somente quatro. Temos a fábrica, o hospital, o armazém e o apartamento abandonado. Um pouco confusos, por vezes, conseguem, ainda assim, criar a atmosfera sinistra da qual este jogo vive. Existe a referência a uma quinta área secreta, mas esta só pode ser acedida, se conseguirmos reunir todos os objectos, de todos os outros níveis. Os gráficos são aceitáveis, embora nada de especial, e a música ajuda a criar o tal ambiente inquietante pelo qual o filme é conhecido. Ju-On, que foi lançado na Europa a 30 de Outubro de 2009, cumpre bem a sua premissa de simulador de casa assombrada. Contudo, apoia-se em sustos fáceis e previsíveis. O facto, de o jogo ser exactamente igual, não importa as vezes que o joguemos, ajuda a diminuir o desejo de o voltar a jogar novamente. Ju-On é um título cuja diversão é momentânea e curta. Uma excelente opção para quem quer visitar uma casa assombrada, mas nunca o fez, por não ter coragem.



 Escrito por Ivo Silva