No mês passado tive a oportunidade de ver um filme de alta qualidade, no Cineclube de Infesta, Porto. Esta sala de cinema, que todos os Domingos dá oportunidade aos seus visitantes de verem, ou reverem grandes clássicos da sétima arte, optou por este filme de 2006. “Little Miss Sunshine” é uma mistura, muito bem conseguida e sólida, de drama com comédia e road movie,e conta a história da pequena Olive que tenta vencer um concurso de beleza com o mesmo nome do filme. A mãe, protagonizada por Toni Collette, procura convencer o marido, Richard (Greg Kimear) a fazer uma viagem de 800 milhas, desde a casa da família em Albuquerque até Redondo Beach, na Califórnia, onde se realiza o dito concurso. Acompanhados de Frank, o irmão suicida de Toni (Steve Carell),pelo filho mais velho Dwayne, que se abstêm de falar durante grande parte da viagem e do velho patriarca (e fumador de marijuana) da família, Edwin, pai de Richard. É interessante vermos todas estas personalidades diferentes colidirem umas com as outras, enquanto são forçadas a fazerem uma viagem tão grande no interior de uma velha Volkswagen T2, cheia de problemas. Por um lado, temos o relaxado avó, que em fim de vida, não tem qualquer tipo de preocupação e Richard que, devido à linha de trabalho que escolheu, é absolutamente vidrado em todas aquelas ideias de auto-ajuda e no não falhar nunca. É engraçado em como toda esta atitude excessivamente positivista e mesmo surreal de Richard, o coloca em confronto com os restantes membros da família. O filho Dwayne, que persegue o sonho de um dia ser piloto de caças, é lúgubre e fez um voto de silêncio até conseguir atingir o seu objectivo. A mãe, por sua vez, tem que lidar com a pressão do mundo real e da responsabilidade de suportar o peso de garantir que todos, menos ela própria, consigam obter o que desejam. Frank, que recentemente tentou o suicídio, caiu na desgraça, ao perder o seu namorado, trabalho e respeito de seus pares. Tão bem feita é a actuação de Steve Carell, no papel, que sentimos que a qualquer momento Frank poderá quebrar novamente, tal é o seu estado de depressão. Mas a verdadeira estrela do filme é a jovem Olive. A sua inocência e alegria genuína de criança é a cola que une todas as restantes personagens e que confere, a este drama, o tal toque de comédia. Falando agora da narrativa, devo destacar que nunca, em momento algum, sentimos que há uma cena que não está bem enquadrada. Todas as cenas do filme estão inseridas numa sequência perfeita e nunca enfadonha. Ajuda, também, os cenários mundanos que nos são apresentados. Os locais são filmados de uma forma tão real que parece mesmo estarmos a participar nesta viagem familiar.Um bom filme para ver este Verão, sem dúvida alguma.
Escrito por Ivo Silva
Para mais informação acerca das sessões apresentadas em Infesta, consultem o blog do Cineclube em http://uauacineclube.blogspot.pt/
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