Este filme de 2009, dirigido por Alejandro Aménabar e tendo como principal estrela, a talentosa, Rachel Weisz, conta a estória da filósofa esquecida pela História, Hypatia. Ágora, que em grego significa o local onde os cidadãos se reúnem para discutir os assuntos da cidade, é um drama histórico no qual está bem patente os conflitos entre religiões e a convivência destas com a ciência. Hypatia, para além de filósofa, surge como matemática e astrónoma que estuda os sistemas Ptolemaico e Heliocêntrico, procurando rectificar as falhas que encontra em ambas as teorias. Ao mesmo tempo, o filme mostra-nos os conflitos latentes entre cristãos e politeístas, na cidade de Alexandria. Pelo meio, temos dois alunos de Hypatia que se envolvem no confronto, com Orestes, um pagão abastado que se converte ao Cristianismo, por um lado, e Davus, que era escravo do pai da filósofa, mas almejava a liberdade acima de tudo, por outro. Tanto um como outro amam, à sua maneira, Hypatia. É esse complicado triângulo amoroso, juntamente com as experiências científicas de Hypatia e as convulsões sociais e religiosas que se fazem sentir pela cidade de Alexandria, que fazem mover o filme. No entanto, e apesar de ter todas estas tramas a ocorrerem simultaneamente, Ágora nunca deixa que os seus espectadores percam o norte da estória. A fotografia, os cenários e a caracterização estão muito bem conseguidas neste filme. Nota-se que há aqui um trabalho bastante intenso de pesquisa, pela forma quase perfeita com a qual somos confrontados com a imagem desta sociedade romana. O nível dos actores é bastante elevado e transpira qualidade, pelo que não é surpresa que Ágora seja um dos filmes mais vistos de sempre em Espanha. Não entrarei em grandes detalhes, para evitar revelar mais do filme, pois, sinceramente, creio que é um daqueles que deva ser visto por todos. Não apenas por fãs de dramas históricos, mas por todos os cinéfilos em geral.



Escrito por Ivo Silva