Rocky II, como o próprio nome sugere, é uma sequela do filme de 1976, Rocky, acerca do qual já falei num post anterior da rubrica Best of. 

O primeiro desta longa série a ser dirigido por Sylvester Stallone (que regressa como escritor e protagonista do filme), Rocky II traz de volta grande parte do cast do primeiro filme, mas mostra-nos um lado diferente de diversas dessas personagens nomeadamente Adrian e os dois protagonistas principais, Rocky e Apollo.


 


O filme em questão começa com a repetição da luta final do primeiro Rocky, ganha pelo campeão mundial Apollo Creed, por decisão. 

Bastante magoados depois da conclusão da contenda, Rocky e Apollo são levados para o mesmo hospital, onde este último, pressionado pela constante perseguição dos media, desafia Rocky para um rematch.

Rocky, cuja vista direita sofreu danos consideráveis, recusa, não apenas por causa disso, mas também por sentir-se satisfeito com a sua brilhante prestação no combate anterior de ambos. 

Tal decisão é fortemente apoiada pela namorada e futura esposa, Adrian e pelo treinador, Mickey Goldmill.

Rocky II mostra-nos como Rocky tenta ajustar-se a uma vida longe do boxe e à fugaz fama que adquiriu após a Super Fight com Apollo. 

O Italian Stallion demonstra a sua inexperiência em lidar com dinheiro, fazendo compra absurdas, como é o caso do carro desportivo (que não sabe conduzir devidamente) ou a nova casa (que não se preocupa em verificar se está em condições ou não). 

Vemos ainda Rocky mostrar a sua dificuldade em fazer algo que não lutar, falhando miseravelmente no ramo da publicidade, devido aos seus problemas de fala, e em obter um trabalho de escritório, por causa da sua baixa escolaridade. 

Com Adrian grávida, Rocky decide aceitar um trabalho na fábrica de processamento de carne onde o seu amigo Paulie trabalhou. 

Eventualmente, até isso falha e Rocky vê-se cair num poço de depressão e impotência. 

No meio de tudo isto, é sobre Adrian que recaí, ainda que discretamente, o foco de protagonismo. 

É ela quem serve de ponto de equilíbrio para as extravagâncias e frustrações do marido, representado o lado racional da relação. 

É também Adrian que grávida, volta a trabalhar na loja de animais do primeiro filme, de forma a tentar aliviar um pouco a pressão de Rocky.

Em contraponto, temos Apollo.


 


O campeão é neste filme um lutador igualmente frustrado. 

Acusado de ter carregado Rocky durante as quinze rondas da Super Fight, o que Apollo deseja mais do que tudo é voltar a confrontar Rocky no ringue e demonstrar a sua superioridade como boxista. 

Apollo tenta de tudo para chamar a atenção de Rocky e eventualmente (com o recurso a algumas técnicas de publicidade menos próprias) consegue-o. 

O facto de Rocky aceitar voltar a combater, mesmo sob o risco de ficar cego, faz com que Adrian se distancie dele. 

Rocky volta a ser treinado por Micky, que desta feita recorre a um tipo de treino mais exigente, que incluí perseguição de galinhas e uma mudança no estilo de luta do Stallion (que visava proteger a sua vista direita).


 


Contudo, a crise familiar com Adrian deixa Rocky pouco concentrado no treino, muito para irritação de Micky, e será preciso quase acontecer uma tragédia, para isso mudar. 

A gravidez de Adrian sofre complicações e faz com que esta caia num coma por tempo indeterminado.

Rocky fica ao seu lado até ela despertar, saindo apenas para visitar a capela do hospital e rezar pela mulher. 

O boxista nem mesmo vai ver o filho recém-nascido, afirmando que apenas o fará com Adrian. 

Um pilar de força, Adrian acorda do seu coma, sem sequelas, e ambos vêem finalmente o desejado filho.


 


Terminado este período de drama familiar, Adrian dá o seu aval a Rocky para que este volte a lutar, o que renova o espírito deste último. 

A Super Fight II vê Apollo dominar totalmente os primeiros rounds do combate, apesar da mudança de estilo de Rocky. 

Um boxista superior, Apollo comete um erro capital, ao não tentar ganhar o combate por pontos. 

Desejoso por fazer um k.o no seu oponente, Apollo prolonga o combate novamente para as quinze rondas. 

Um erro crasso, pois o espírito de Rocky está ainda mais forte do que em 1976 e o Italian Stallion consegue derrubar o campeão com um devastador soco, numa altura em que já havia mudado para o seu estilo southpaw original (por insistência de Micky). 

O único senão reside no facto de Rocky também cair. 

Os minutos finais do filme vêem ambos lutadores tentarem desesperadamente erguer-se, enquanto a contagem chega perigosamente ao 10.

Rocky é mais feliz e consegue levantar-se a tempo, com Apollo a permanecer no chão. 

Depois de em 1976 ter combatido de igual para igual com o campeão, Rocky torna-se agora ele próprio no campeão.


 


Uma extensão do primeiro filme, o Rocky II, de 1979, desenvolve ainda mais a história e as personagens dando os primeiros passos para o estabelecimento de um dos mais longos e estimados franchises do cinema. 

Aspectos curiosos de Rocky II. 

A mudança do estilo de luta de Rocky deveu-se a uma lesão real de Sylvester Stallone enquanto filmava o filme. 

A lesão limitou o uso do lado direito do actor. 

A história de Rocky II, o terceiro filme mais lucrativo daquele ano, seria adaptada para livro pouco depois da estreia do mesmo nas salas de cinema. 

Por último, seria em Rocky II que veríamos pela primeira vez o uso do cinto de campeão de pesos-pesados da revista Ring.