Desenvolvido pela Intelligent Systems e publicado pela Nintendo, Fire Emblem: Radiant Dawn é a décima entrada na série (a quarta se virmos as coisas do ponto de vista ocidental) e a sequela directa do aclamado título da GameCube, Path of Radiance. 

Este rpg de estratégia chegaria às costas europeias em 2008, meses depois do seu lançamento em terras nipónicas e norte-americanas. 

Lançado para a Wii, Radiant Dawn foi um dos pouquíssimos títulos da consola a não fazer uso do Wiimote, preferindo uma abordagem mais clássica. 

Radiant Dawn tem uma história deveras interessante, que se encontra dividida em quatro partes, passando-se num continente ao qual a série não voltaria novamente. 

A perspectiva com que vemos a dita história vai mudando à medida que formos nós próprios alternado entre as diferentes facções do continente de Tellius. 

Radiant Dawn começa com a nação de Daein, a principal antagonista no jogo da GameCube, totalmente arrasada, desprovida de monarca e com o seu povo sob a alçada opressiva do Império de Begnion. 


 


Como que em resposta à insatisfação popular, uma revolta é montada, através do pequeno grupo de resistência apelidado de Dawn Brigade. 

A Brigade é liderada pelo ladrão Soethe e pela feiticeira Michaiah. 

Esta última é particularmente adorada pela população de Daien, que a vê como a abençoada Silver Maiden (devido ao seu cabelo prateado). 

Qual Joana D'Arc. 

Para além de combater os exércitos de Begnion, a Dawn Brigade dedica o resto do seu tempo na busca pelo herdeiro do trono real de Daien. 

Eventualmente, encontram-no na figura do introspectivo e pacífico Pelleas. 


 


Por outro lado, Ike, o herói de Path of Radiance, regressa à sua terra natal, o reino da Crimeia, mesmo a tempo de evitar um golpe de estado contra a figura da rainha Elincia. 

Eventualmente, Ike e os seus Greil Mercenaires lutarão ao lado de Crimeia e da Laguz Alliance contra o cada vez mais beligerante Império de Begnion. 

Para que lado irá pender o apoio do reino de Daien, uma vez encontrado o seu rei? 

É isso que cabe ao jogador descobrir nas tais quatro partes em que a história se encontra dividida. 

A acção de Radiant Dawn passa-se, como já referi acima, no vasto continente de Tellius. 

Este não poderia ser mais rico no que à diversidade de raças e personagens diz respeito. 

Para além dos Beorcs, nome dado aos humanos neste jogo, contamos ainda com nada mais, nada menos do que seis tipos distintos de Laguz. 


 


Os Laguz distinguem-se dos humanos por possuírem uma segunda forma animal, que varia conforme a tribo à qual pertencem. 

Temos os Hawk (do reino de Phoenicis), os Raven (do reino de Kilvas), os Tiger, Lion e Cat (todos pertencentes ao reino de Gallia), os Dragons (do reino de Goldoa), os Wolf (do reino de Hatari) e os Herons (da Serenes Florest). 

O jogo conta com um total de 72 personagens, sendo que destas, 42 são repetentes, já tendo marcado presença no jogo anterior. 

Voltam fan favorites como o dúbio Black Knight ou a cavaleira Titânia e faz a sua estreia o simpático contingente da Dawn Brigade, com destaque para o duo de Soethe e Michaiah. 


 


De salientar que, ao contrário de outros títulos da série, Radiant tem mais que uma personagem a deter o estatuto de Lord (líder). 

Nos cerca de 45 capítulos com os quais conta, é maioritariamente sobre Ike e Michaiah que irá recair o papel da liderança. 

Contudo, em certas ocasiões outras personagens irão assumir as responsabilidades destes, sendo elas: Lucia, Nephenee, Elincia, Geoffrey e Tibarn. 

Pela primeira vez, e ao contrário do que acontecia em Path, Radiant Dawn permite até três promoções às unidades que sejam Beorcs, sendo que para que a última promoção seja atingida é necessário que a personagem em questão esteja no nível 21 da segunda promoção ou que o jogador simplesmente faça uso das raras Master Crowns. 


 


Em relação aos Laguz, estes têm uma única classe, que subirá até ao nível 40.

Para além disso, os Laguz têm as suas capacidades ofensivas aprimoradas, em relação ao que acontecia em Path, podendo agora atacar mesmo sem estarem na forma animal. 

Radiant Dawn tem três níveis de dificuldade: Easy, Normal e Hard. 

Todos eles com a tradicional morte permanente. 

Contudo, e se em Easy as lutas são mais fáceis e é colocado à disposição do jogador um tutorial, na outra ponta do espectro, o modo Hard, nem sequer é possível fazer-se save durante a batalha, mas apenas no final do capítulo. 

Mesmo em Easy, que é o modo Normal na versão japonesa, é exigido um certo grau de planeamento e estratégia antes de iniciarmos a batalha propriamente dita. 


 


O jogador deve ter em consideração a durabilidade das armas, uma vez que estas partem com o uso, e a escassez dos itens de cura e promoção. 

As armas podem ser restauradas ou mesmo reforjadas* nas lojas que nos irão aparecendo no decurso da aventura. 

Lá também poderão ser encontrados muitos dos tais itens de cura, que tão úteis serão à medida que o jogo for avançando.

Tanto para um, como para outro é necessário dinheiro. 

Este pode ser encontrado em inimigos derrotados ou em baús existentes em alguns dos campos de batalha pelos quais as nossas forças se irão movimentar.

A palavra chave é olho atento e poupança, de forma a se tirar o melhor partido dos itens e armas na nossa posse. 

Convém salientar que quanto mais uma personagem usar um determinado tipo de arma, mais capaz ficará no seu uso, eventualmente atingindo a total mestria do equipamento (nível SS). 



 


O já típico triângulo das armas e da magia mantém-se, com a Dark Magic a fazer um comeback na série.

Outro aspecto a ter em conta é o terreno. 

Este influencia o desempenho das nossas unidades de forma significativa, oferecendo vantagem se o nosso ataque partir de uma posição mais elevada que a do nosso oponente, por exemplo.

De igual modo, a existência de florestas e desertos podem atrasar os nossos cavaleiros, ao passo que o nevoeiro ou as batalhas nocturnas poderão limitar a nossa visibilidade no campo.

Tudo isto deve ser levado em conta, pelo que o jogador não deve entrar em nenhuma batalha com excesso de confiança. 


 


Cautela é, uma vez mais, chave para vencer, pois Radiant Dawn é um gigantesco jogo de xadrez, onde cada peça desempenha um papel relevante. 

Os objectivos a atingir nas inúmeras e longas batalhas de Radiant Dawn são bastante variados, com o jogo a manter-se fresco nesse aspecto. 

Em algumas lutas para vencer temos que derrotar o Boss da área ou ocupar o quartel-general do inimigo, ao passo que noutras basta-nos defender a nossa posição durante um número específico de turnos. 


 


Os supports entre as personagens também estão presentes em Radiant Dawn, dividindo-se entre Buddy e Bond. 

Sem nunca cair no verdadeiro date sim em que se tornaram as recentes entradas da série na 3DS, o jogo da Wii vê os supports como mera fonte de fortalecimento das personagens durante a batalha, permitindo também desbloquear diálogos entre elas. 

O Buddy refere-se a supports que podem ser feitos com qualquer personagem, ao passo que o Bond está restrito a personagens pré-definidas. 

Em termos de música, Radiant Dawn não decepciona, mantendo o mesmo nível orquestado a que a série nos habituou. 

Os gráficos de jogo não são assombrosos, não havendo uma diferença significativa em relação a Path (embora as animações das lutas sejam óptimas).


 


A apresentação é magnífica, com o narrador e as belas cutscenes em CGI a servirem para nos dar aquela sensação de estarmos a ver um filme do Lord of the Rings. 

Em suma, Radiant Dawn é um jogo bem merecedor do tempo passado a jogá-lo. 

Uma das melhores entradas da série e um dos must have para a Wii.



*Nota: Algumas armas não se gastam. É o caso da espada do Ike e do Black Knight.