A 1 de Dezembro de 1997 seria lançado, pela Sega, para a Saturn, o terceiro Shining Force 3.
Este Rpg de estratégia, cuja série havia sido desenvolvida como meio de fazer concorrência ao Fire Emblem da rival Nintendo, seria o último trabalho a ser feito pelos estúdios da Camelot Software Planning.
Certas desavenças com a Sega conduziram à sua saída precisamente para a grande N, para a qual viria a desenvolver a série Golden Sun.

     Mas falemos de Shining Force 3 que, apesar do número à frente, não é uma sequela directa, ou tem qualquer ligação (excepção feita a Shining in The Holy Ark, que partilha pelo menos duas personagens com SF3), com os restantes títulos da série. Shining Force 3 constituía um dos mais ambiciosos projectos da Sega até esta altura.





     O jogo dividia-se em três volumes cujas narrativas, embora distintas, se cruzavam.
Era necessário, ao jogador, possuir estes três Scenarios (forma como eram chamados, separadamente, os volumes) para que desta maneira pudessem aceder ao "verdadeiro final" do jogo.
 A isto chamava-se de Trinity Sight System e apenas voltaríamos a ver algo do género em Suikoden 3, para a PS2.

     Como bónus, para quem tivesse adquirido todas as partes, a Sega disponibilizava o chamado Premium Disc, que continha artwork, character model viewer, entre outras coisas.
Contudo, e sendo que este foi um dos motivos que culminou na saída da Camelot, destes três Scenarios, somente o primeiro sairia do Japão.
As razões?
 Os custos da localização, bem como o "fracasso" das vendas da Saturn em territórios Ocidentais, forma alguns dos problemas apresentados.

      No Verão de 98, Shining Force 3 : Scenario 1, rebaptizado de Shining Force 3, sairia nos EUA e Europa respectivamente.





     Analisemos o jogo em si.
A nossa história começa numa cimeira de paz entre o Império da Destonia e a República Monárquica de Aspinia, levada a cabo na cidade livre de Saraband.
O Jogador toma o controlo de um jovem espadachim republicano de nome Synbios.
Ao protagonista vão juntar-se, de início, o cavaleiro centauro Dantares, a curandeira Grace e a maga élfica Masquirin.

     Recorrendo a esses quatro personagens iniciais (sim, porque iremos adicionar muitas outras personagens à nossa party, à medida que formos evoluindo no jogo), cabe ao jogador resgatar o Rei de Aspinia e tentar limpar o seu nome, pois ele é acusado de raptar o Imperador Domaric.
 Pelo caminho, Symbios e seus aliados procuram impedir uma guerra total entre as duas nações, bem como parar as actividades sinistras do culto religioso conhecido como Bulzone Sect.
Uma história cativante repleta de personagens interessantes. é o que nos espera em um título com mais de 50 horas de jogo.





      Existem um total de 20 personagens, sendo que algumas delas estão escondidas ou necessitaram que se cumpra um determinado requisito para que possam ser recrutáveis para a nossa causa. Relativamente às personagens é preciso salientar que cada uma delas tem duas classes, sendo que a respectiva promoção, de uma para outra, ocorre no nível 20 e sempre na presença de um Padre (que grava o jogo e cura/ressuscita membros da party sempre que necessário).

     Tomemos o exemplo de Symbios.
Este começa como Soldier e pode "evoluir" para Swordsman, uma classe bastante mais forte.
Cada classe, inicial ou não, possui os seus próprios atributos, equipamento, habilidades e magias.





      Em SF 3 é possível "modificar" um pouco os atributos das nossas personagens.
 Como?
Através das armas equipadas.
 O quarto feitiço, para quem os tem, é sempre obtido desta forma.

     Por exemplo, com uma Phoenix Sword equipada, Symbios pode evocar uma Fénix, por esse ser o atributos dado pela arma.
Falando de armas, o manuseamento destas pode ser melhorado quanto mais vezes se usarem.

      Esta é uma das novidades introduzidas por SF3.
Outra reside no sistema de amizades entre as personagens.
Quanto mais lutarem lado a lado, mais se fortalecem mutuamente, podendo conduzir a interessantes bónus de ataque ou defesa.





     Outro ponto interessante de SF 3 está nos seus inimigos e na respectiva AI.
Variados e apresentando um desafio equilibrado, SF 3 tem alguns dos adversários mais interessantes de toda a série Shining, com destaque para o Principe Arrawnt, para a sacerdotisa Basanda ou para o chefe dos ladrões, Shiraf.
 Regressa o gigantesco Colossus (já presente em SF 1, para a Megadrive), embora bastante diferente cosmeticamente falando.

       SF 3, como já foi falado bem no início deste texto, mantem as raízes da maioria dos restantes títulos da série.
Assim  como eles, também SF 3 é um Rpg de estratégia no qual o jogador deve movimentar as suas personagens por um cenário, e no seu turno, apontando para a total aniquilação da oposição ou do seu líder.





     A diferença principal reside no facto de assentar num 3D Battle System, em contra partida com os anteriores 2D.
Estes gráficos 3D estendem-se aos cenários, personagens e sequências de luta, sendo bastante apelativos para a altura e para o sistema para o qual foram programados.

       SF 3 mantêm, ainda, o tradicional menu de opções e a disposição da história por capítulos (seis normalmente).
 Cada capítulo é constituído por cinco batalhas e duas cidades.
 Nas batalhas, o jogador enfrenta numerosos adversários e um ou outro Boss, bem como faz a respectiva evolução das personagens da sua party.
Nas cidades, o jogador reúne pistas para avançar, comprar itens, recrutar outros para a sua causa, falar com npc's, entre outras coisas.





     Volta a surgir o HQ, uma área na qual o jogador pode falar com os membros da sua party.
A música, desenvolvida por Motoi Sakuraba, é divinal e complementa bem o ambiente do jogo.
SF 3, em última análise, é o melhor Rpg da Saturn e um dos melhores da sua geração.

     Este é um daqueles poucos Rpg's que é um misto de familiar e inovação, sendo algo que deixou e deixará novatos e veteranos totalmente satisfeitos.
É só pena termos tido acesso ao primeiro Scenario.

A jeito de curiosidade termino com uma breve nota de rodapé.





     Sabiam que foi lançada uma versão beta do jogo, no Japão, em 1997.
 Nessa versão, para além de algumas outras alterações, era incluído uma área secreta, a Dwarf Valley, que serviria de protótipo para a futura Waterfall Battle.
Repleto de personagens memoráveis e uma storyline apaixonante, SF3 é uma daquelas experiências que nos fará jogá-la mais que uma vez.